domingo, 29 de maio de 2011

UMA COMUNIDADE EM MOVIMENTO


As alunas, Ana Luísa, Cristiana Pancinha e Carolina Moreno, do 3º Ano do Curso de Educação Social, da Universidade do Algarve que têm estado a efectuar o seu estágio, na Casa do Povo de Conceição de Faro, levaram a cabo hoje mais um evento, sobe o titulo de "Caminhada - Uma Comunidade em Movimento" que contou com a participação de vários caminhantes em passeio por caminhos ladeados por pitas, tojos, tomilhos, aroeiras e outras plantas.

Dia em que o sol por vezes se escondia  atrás das nuvens, porprocionando uma temperarura amena, ideal para caminhar e desfrutar da mistura inesquecivel de cores, sons e cheiros, deste jardim improvisado pela natureza.

Numa pequena paragem a meio do percurso, tivemos oportunidade para contar de forma ligeira e sucinta, algumas curiosidades sobre a história da Freguesia de Conceição de Faro.

Para estas estagiárias que agora vão terminar o seu curso desejamos os maiores êxitos futuros, na área que decidiram seguir.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

DESMONTALADO

"Chegou a hora de ir ao endireita ..."


Eh pá, isso é desmontalo!  Afirmava um amigo quando me queixei da dor aguda que tenho na zona dos quadris (anca).

Não pá, isto é uma hérnia discal que tenho há muito e que de vez em quando me faz passar as passas do Algarve.

Tá 'bém não vás ao endireita e diz que é hérnia discal! Exclama o meu amigo preocupado e dando-me o endereço de um endireita que faz milagres.

Mas o que é que eu vou lá fazer?

Oh pá, o homem põe-te bom num instante. Olha, o Manel ..., começa a relatar-me um dos milagres do tal endireita que ocorreu precisamente com um nosso amigo comum.

Numa aflição a gente agarra-se a tudo o que se pareça com a salvação e lá tomei nota da morada que o meu amigo me estava a dar. Á despedida ainda lhe disse: -está bem, se isto não passar, logo passo por lá.

Na verdade eu sempre tenho ouvido falar de endireitas e conhecia até um antigo vizinho que tinha fama, embora com pouco proveito, de saber lidar com os ossos dos outros. Mas também é verdade que embora padeça desta hérnia há bastante tempo, sempre tenho resolvido a coisa, com injecções, pomadas e comprimidos, receitados pelo médico.

Vou esperar que a coisa passe com a pomada e o comprimido, caso contrário, terei de me resolver a ir ao endireita, pela primeira vez.

Bom para tudo na vida há uma primeira vez e se calhar para mim chegou a hora de ir ao endireita!

Quem sabe não me cura de vez!

É com essa esperança que fico enquanto contenho mais um esgar de dôr.

Esta maldita hérnia está mesmo a pedir endireita!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

CAMINHADA

FAVAS DE ALHADA

"Preparo e receita ..."


Porque há dias quando escrevi sobre favas, falei nas "Favas de Alhada" e alguém me inquiriu se existia tal receita uma vez que nunca tinha ouvido falar, resolvi voltar ao assunto

Apenas para aqueles que ainda não conhecem, deixo a receita das "Favas de Alhada" que em tempos passados, se comiam neste mês de Maio, altura do ano em que as favas estão a caminho de ficar completamente secas.

As favas descascadas são colocadas na água, para abrandecer. Depois de algum tempo de molho,  retira-se-lhes os olhos, ou seja, aquela marca negra que têm num dos topos.

Assim tratadas vão ao lume para cozer apenas em água e sal. Após a cozedura, são retiradas da água para os pratos e temperadas, com salsa, azeite e alho picado, tal como se faz por exemplo, com o grão de bico.

Agora é provar o petisco.

Se gostarem podem repetir.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CARACOLADA


"... á moda de Conceição de Faro"


Porque há poucos dias os convidei para umas favas de alhada, lembrei-me que a seguir ás favas ia muito bem uma caracolada!

Uma caracolada á moda de Conceição de Faro!

Ou seja, como nós fazíamos antigamente:

"-Os caracóis eram apanhados no campo, nos restolhos, no feno, na beira dos caminhos, nas hortas, por todo o lado.
Não se fazendo qualquer escolha ou selecção, misturavam-se moiros, caracoletas e miúdos. Guardavam-se cerca de duas ou três semanas, num cesto ou outra vasilha bem arejada, para que pudessem limpar.

No dia aprazado para o petisco, quase sempre ao fim de semana, começavam por ser lavados, passando por várias águas até deixarem de estar viscosos. Após a lavagem deixavam-se já dentro do tacho algum tempo até ficarem todos com as cabeças fora da casca, garantindo assim que absorvessem melhor os temperos e também na altura de os comer fosse mais fácil retirá-los das respectivas cascas.

Após se verificar que estavam todos de cabecinha de fora, adicionava-se água até cobrir todos os caracóis e punham-se ao lume, para cozer. Depois da água começar a ferver juntavam-se os temperos a gosto que não variavam muito de casa para casa e que eram os seguintes:

-Alhos, casca de limão, malagueta, oregãos, poejo e sal. Tudo quanto baste, sem exageros, para que ninguém pusesse defeito!

Estão cozidos quando ao puxar o miolo para fora da casca, o caracol sai sem qualquer resistência.

Retiravam-se do fogo mas esperava-se algum tempo, para melhor absorverem o aroma dos temperos.

Ah, já me esquecia enquanto arrefeciam um pouco mais alguém ia apanhar uns bicos de pita que são óptimos para retirar os caracóis da casca enquanto outros punham a mesa.

Pão e vinho completavam a ementa."

Agora os tempos são outros, os caracóis todos do mesmo tamanho, são importados ou de viveiro e servidos á mesa de finos restaurantes, como se tratasse de requintado marisco.

O pão é torrado e barrado com manteiga. As bebidas são, a cerveja, o vinho verde e mais raramente o vinho tinto!

Eh pá com esta conversa toda já comia um caracolinho e vocês?

Também. Então venham daí, vamos ver se já se comem.

Estão bons, tomadinhos de sal para puxar a bebida!

Bom apetite!

terça-feira, 17 de maio de 2011

VAI Á FAVA

"Até que a ervilha encha ..."


Há alguns anos atrás, por esta altura do ano, era tempo de se aproveitarem as branduras matinais, para apanhar o feno.

Tarefa que naquela época se fazia manual começando por ceifar, enmolhar e finalmente acarretar para o sitio onde seria guardado, para mais tarde servir de alimento e até de cama, para os animais.

A Conceição de Faro, sendo uma freguesia rural onde as sementeiras se faziam maioritariamente de sequeiro, era uma boa produtora de feno.

Entre os fenos mais agressivos estava o das canoilas das favas cujo pó causava alergias.

Já na parte final da sua produção as favas ficam mais duras e menos próprias para ser cozinhadas. São por isso deixadas nos pés ou canoilas, para secar. Posteriormente apanhadas as vagens secas, são descascadas e os respectivos miolos postos ao sol para secar melhor e poderem ser guardados sem perigo de se estragar.

Enquanto se cozia o pão nos antigos fornos de lenha, era comum colocar, num pequeno tabuleiro de metal, as favas para torrar. Dava por assim dizer um aperitivo muito apreciado!

Chegando aos aperitivos, resta-me encerrar esta pequena descrição antes que vocês, caros amigos, me mandem á fava!

Meramente em sentido figurado mandar á fava, significa mandar aquela parte ou ... a parte nenhuma!

Também há os que são mandados á fava até que a ervilha encha, o mesmo será dizer ... vai fazendo qualquer coisa enquanto esperas ... porque a espera pode ser demorada!

Já agora, um pouco fora de época, convido-os todos para umas "favas de alhada", talvez em vossa casa para ser mais prático.
Quem não souber a receita pode perguntar que eu digo!

Bom apetite e até á próxima, se não fôr antes!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ESTENDER A AGUILHADA

Por pouco ou quase nada ...


Hoje de manhã quando regressava da caminhada matinal ia estendendo a aguilhada, contava eu á minha mulher que me olhou com ar interrogativo.

Percebi que não entendeu o sentido da frase e repeti: - Sim, ia estendendo a aguilhada!

Eu ouvi bem mas não sei o que queres dizer com isso, perguntou.

Expliquei melhor:- Oh mulher, ia caindo, estatelando-me ao comprido! Por pouco ou quase nada que não tropeço no gato e caio.

Esta frase saiu-me naturalmente sem pensar. Há anos atrás era muito comum ouvir-se mas actualmente caiu em desuso, até porque também já não se usa a aguilhada.

A aguilhada era um instrumento constituído por um pau ou vara com cerca de metro e meio de comprimento e poucos centímetros de diâmetro que numa das pontas tinha uma espécie de espátula de ferro que servia para libertar o arado da terra, ervas ou raízes que se lhe prendiam e dificultavam a lavoura. Na outra ponta tinha atada uma pequena corda ou correia que servia para tocar e incitar os animais que puxavam o arado.

Naturalmente que se a aguilhada caia estendia-se ao comprido no que em sentido figurado foi transposto para outros casos de pessoas, animais ou objectos.

Fazendo votos para que ninguém estenda a aguilhada, resta-me desejar-vos um bom dia!