sábado, 31 de julho de 2010

REFORMAR O MILHO

"Os velhos métodos de cultivo foram abandonados"


Há alguns anos atrás ainda se reformava o milho na Conceição de Faro.

Na horta aproveitavam-se os bons terrenos, o tempo e a água, fazendo simultâneamente no mesmo local, duas sementeiras.

Nesta altura do ano depois de nascida a batata redonda, semeava-se no mesmo terreno o milho.
Lá para os finais de Setembro depois de apanhar a batata era preciso reformar o milho, para poder continuar a regar.

Isto é, reformar o milho significa voltar a dar forma á eira.

Outra das sementeiras que se faziam quase em simultâneo era o feijão de armar, com o milho.
Quando as maçarocas de milho estavam prontas para apanhar semeava-se o feijão de forma que ainda não estivesse nascido quando se procedesse á apanha, para não correr o risco de o pisar.

Aproveitava-se assim o taloco do milho que servia de guia para o feijão.

No inverno também se semeava a fava dentro do terreno da batata, mas nessa altura do ano não era necessário regar por isso não se reformava a eira.

Actualmente todos os velhos métodos de cultivo foram abandonados.

Hoje, produzidos com as mais modernas técnicas, toneladas de frutos e produtos hortícolas, saem diariamente de Conceição de Faro, para todo o País e resto da Europa.

domingo, 25 de julho de 2010

FREI JOSE ANTONIO



O Padre Frei José António que está na nossa Paróquia desde 1998, deverá ser substituído em Setembro próximo, altura em que se completam 12 anos da sua meritória permanência.

No passado dia 16 de Julho, o Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, assinou um decreto referente a nomeações eclesiásticas.

O prelado nomeou para novo pároco de Conceição de Faro o frei Paulo Ferreira, franciscano que até agora estava no Convento de Santo António do Varatojo, em Torres Vedras.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A DEBULHA

                                                      Fotos cedidas por Ludgero Urbano »»»

"Quando há vento é que se limpa ..."

Por esta altura na Conceição de Faro está a chegar a época da "debulha", ou seja, o trabalho que consiste em retirar a casca ao grão do trigo, cevada, aveia, centeio.

Também se debulha na eira o grão de bico, o griséu, a ervilha e a fava.

O milho é debulhado para retirar o grão do sabugo.

No anos cinquenta o trabalho ainda era quase todo manual. Os cereais depois de ceifados, eram acarretados em molhos para a eira para secar melhor.
Depois de bem secos eram malhados ou passados com o trilho, para soltar os grãos da casca.

Aproveitando o vento, os grãos ainda misturados com as cascas eram joeirados ou limpos.

Limpar consistia em encher a mistura, em pequenas alcofas ou quentais que se levantavam a cima da cabeça, deixando-a cair no solo, aos poucos, para que o vento ajudasse na separação.

Limpava-se quando havia vento para separar os grãos que sendo mais pesados caiam quase a prumo enquanto as cascas mais leves caíam um pouco mais afastadas.

Este trabalho deixou de ser feito manual, com o surgir das debulhadoras mecânicas que nas eiras debulhavam separando simultâneamente a palha e as cascas, das sementes.

O grão já separado era ensacado á saída da própria máquina, enquanto a palha saía a granel.

Quando necessário enfardava-se a palha com a enfardadeira, para melhor ser transportada e armazenada.

Actualmente na nossa freguesia já não se faz a debulha. A produção dos cerais foi substituida. Agora são as hortas e os pomares de citrinos que predominam.
Cultiva-se intensiva e quase cientificamente em estufas.

Por serem instrumentos que há muito tempo caíram em desuso, tentarei descrever dois dos referidos, tal como os recordo.

Malho
Ferramenta formada por dois paus, um que era o cabo, com cerca de 1m e o outro com 50 a 60cm, unidos numa das suas extremidades por uma corda que os separava cerca de 15 a 20cm.

Trilho
Ferramenta que consistia em quatro cilindros de madeira, nos quais se incrustavam pequenas pás em aço. Os cilindros eram unidos nos topos por barras de ferro, por forma a que pudessem funcionar como rodas.

O trilho assemelhava-se a uma carroça sem taipais, apenas um pouco mais rudimentar e em vez das rodas, os cilindros com pás. A pessoa que manobrava esta ferramenta, poderia fazê-lo de pé ou sentado num banco de madeira que fazia parte do conjunto.

O trilho era atrelado á mula, ao burro ou outro animal de carga que ao puxá-lo fazia rodar os cilindros e respectivas pás sobre os cereais, descascando-os.

"As ceifas, as eiras, a debulha, a joeira, fazem agora parte da memória histórica dos mais velhos.
Vale e ainda perdura, o acertado dito popular: -É preciso separar o trigo do joio! "

quinta-feira, 15 de julho de 2010

X FESTIVAL DE FOLCLORE

No próximo dia 7 de Agosto, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Conceição de Faro, vai levar a efeito o seu Festival de Folclore Nacional, este ano com a participação de 4 Grupos visitantes, para além do Rancho organizador.

Embora o Rancho conte com mais de 50 anos de existência, segundo a ordem cronológica este será apenas o 10º. Festival que organiza.

Esta diferença deve-se ás prolongadas paragens na actividade do Rancho.

No entanto há 7 anos consecutivos que a Junta de Freguesia, mercê de um protocolo com o Grupo Folclórico de Faro, traz até á nossa aldeia, um espectáculo Internacional de Folclore integrado no FolkFaro.

Em cada ano actuam dois grupos de diferentes países que sempre nos têm encantado com as suas espectaculares exibições.

Assim consegue-se manter vivo o gosto pelo folclore e apresentar nas Festas de Verão, um espectáculo de qualidade Internacional.

Se tudo correr dentro do habitual o espectáculo Internacional, na nossa aldeia, terá lugar na ultima Sexta-Feira de Agosto.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ADIAFA

"O que vem á rede é peixe..."

Adiafa era a festa oferecida pelo patrão ou dono da obra, para comemorar o final com sucesso, duma tarefa ou trabalho.

Consistia num almoço, lanche ou jantar que por vezes terminava em bailarico, ao som do acordeão ou da gaita de beiços. Também se cantava um fadinho que quase sempre era uma alegre desgarrada, com os mais expeditos a deixarem enrascados aqueles que menos preparados se atreviam a enfrentá-los.

Eram convidados para a Adiafa, todos os que trabalharam para a conclusão da obra ou tarefa.

Habitualmente faziam-se Adiafas na Conceição de Faro, após terminar:

-A apanha da amêndoa e da alfarroba;
-A Escarapela do milho:
-A abertura dum poço, nora ou cisterna;
-O enchimento da placa de cobertura de uma casa;
-A conclusão da obra da própria casa;
-As Festas da Aldeia ;
-A época de actuação da Charola.

A Adiafa era uma forma de compensar todos os que duma forma abnegada, ajudaram trabalhando por vezes, até além do normal.

Hoje, o termo quase caiu em desuso, no entanto nalguns casos, o costume mantém-se embora nomeado simplesmente de almoço ou jantar.

Cabe aqui uma pequena história que ocorreu na nossa aldeia, há alguns anos, numa adiafa.

Nos anos 60 vivia ali para os lados da Chaveca, um homem a quem chamavam "O Lisboa". Se bem me lembro era o companheiro da "ti' Estrudes Cardosa".

O homem, excelente trabalhador embora sem profissão definida era chamado para os mais diversos trabalhos. A pedido dos interessados extraia os calhaus da ribeira que vendia para substituir a pedra, nas massas de betão para as placas das casas, para os anéis das noras ou até para pavimentos.

Certa vez, "O Lisboa" foi convidado para a adiafa de uma obra. O petisco era uma "panelada" de grão, cozido com arroz e carne de porco.

Cerca de uma dezena de convidados, todos sentados, a panela no centro da mesa, cada um ia servindo o seu prato.

Como era uso e costume primeiro comia-se o grão com arroz e no final repartia-se a carne.

Por ser de fora e não estar habituado a estes costumes O Lisboa que foi dos primeiros a servir-se, meteu a colher ao tacho e retirou duma assentada quase toda a carne.

Surpreendido por haver tirado carne, ninguém ainda o tinha feito, declarou sorridente "o que vem á rede é peixe !!!".

O dono da casa que participava da refeição, limitou-se a sorrir e os outros convidados tiveram de se contentar em comer o grão e o arroz, com o cheirinho da carne, no prato do Lisboa.

Valeu-lhes o garrafão cujo vinho ajudou a forrar o estômago!

Escusado será dizer que devido á fama, O Lisboa não voltou a ser convidado para estas adiafas.

sábado, 3 de julho de 2010

MANUEL DO ROSARIO

"Abel vai depressa..."

Hoje de manhã encontrei na aldeia, o meu amigo Manuel do Rosário, conhecido como o "Manel da Filipa".

Manelinho então como é que vai isso, a Chaveca ainda está no mesmo lugar? pergunto-lhe.

Vamos indo, responde ele. E logo se apressa a dizer-me uma das suas repentinas quadras.

Mas antes explica-me a razão do verso. "Há bocado ia a atravessar a rua e alguém grita: -"Vai depressa Abel..." e eu disse-lhe...

Abel vai depressa
Dizem para te apressar
Mas tu não vás nessa,
Vai, mas vai devagar!

Há muitos anos que conheço o Manuel do Rosário, poeta popular, repentista improvisador.

Jogámos á bola, andámos juntos na charola, durante muito tempo fez parte da cantata do rancho folclórico, onde tocava os ferrinhos. O Manuel também participou no Encontro de Poetas Populares que há alguns anos, no âmbito do programa das Festas de Nossa Senhora da Conceição, se organizou na Conceição de Faro.

Sempre ouvi encantado as suas quadras que quase sempre se referem a situações reais, como aquela que dedicou á charola:

Esta Charola tem tudo
Pois até tem um coxo
Tem um careca e um cabeludo
Tem um cornudo e um mocho!

Esta, ao contrário é pura brincadeira:

Tenho azia nas orelhas
Dor de dentes no cachaço
Amargam-me as sobrancelhas
Não vejo nada deste braço!

O Manuel é imbatível nas quadras ao desafio, tem sempre pronta a resposta para tudo! Voz calma, tom não muito alto mas ritmado. No final uma pequena gargalhada termina quase todas as suas quadras.

Certa vez também eu lhe dediquei uma das minhas cestilhas que era mais ou menos assim:

Manuel que és jardineiro
Eu ouço um dia inteiro
Tuas palavras a rimar
Tu versas de improviso
E no momento preciso
Dizes coisas de encantar!

Entretanto o Manuel esboçando a sua caracteristica gargalhada, lá foi á sua vida. Eu fico a pensar no Abel.

O Abel é um polivalente que está ao serviço da Junta de Freguesia. Esforçado, trabalhador, diligente, todos gostam dele.

Na escola primária costumávamos convencê-lo a fazer uma corrida com a promessa de lhe dar um berlinde ou um pião. O Abel abalava sozinho e ficávamos espantados com a sua enorme capacidade de resistência percorrendo uma grande distância aparentemente sem cansaço.

Agora, a idade não perdoa e o Abel sofre de um problema no coração, mas continua activo e disponível como sempre.

Pelo meu lado apresso-me para ir para o trabalho, está quase na hora e ainda estou á porta do Zé Carlos.

Então até logo, despeço-me.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

USO CAPIÃO

Já se pode de novo transitar no Porto dos Carreiros.

A ribeira secou e está tapado o enorme buraco que durante o inverno foi o causador de grandes arrelias, aos que se atreviam na travessia da ribeira.

Também estão tapados os sinais que proibiam o transito aos veículos?

Assim, retoma-se o "uso capião" daquele acesso que volta de novo a poder ser utilizado sem perigo, por todos os que o desejarem.

Enfim, tudo normal até ao próximo inverno.