quarta-feira, 21 de julho de 2010

A DEBULHA

                                                      Fotos cedidas por Ludgero Urbano »»»

"Quando há vento é que se limpa ..."

Por esta altura na Conceição de Faro está a chegar a época da "debulha", ou seja, o trabalho que consiste em retirar a casca ao grão do trigo, cevada, aveia, centeio.

Também se debulha na eira o grão de bico, o griséu, a ervilha e a fava.

O milho é debulhado para retirar o grão do sabugo.

No anos cinquenta o trabalho ainda era quase todo manual. Os cereais depois de ceifados, eram acarretados em molhos para a eira para secar melhor.
Depois de bem secos eram malhados ou passados com o trilho, para soltar os grãos da casca.

Aproveitando o vento, os grãos ainda misturados com as cascas eram joeirados ou limpos.

Limpar consistia em encher a mistura, em pequenas alcofas ou quentais que se levantavam a cima da cabeça, deixando-a cair no solo, aos poucos, para que o vento ajudasse na separação.

Limpava-se quando havia vento para separar os grãos que sendo mais pesados caiam quase a prumo enquanto as cascas mais leves caíam um pouco mais afastadas.

Este trabalho deixou de ser feito manual, com o surgir das debulhadoras mecânicas que nas eiras debulhavam separando simultâneamente a palha e as cascas, das sementes.

O grão já separado era ensacado á saída da própria máquina, enquanto a palha saía a granel.

Quando necessário enfardava-se a palha com a enfardadeira, para melhor ser transportada e armazenada.

Actualmente na nossa freguesia já não se faz a debulha. A produção dos cerais foi substituida. Agora são as hortas e os pomares de citrinos que predominam.
Cultiva-se intensiva e quase cientificamente em estufas.

Por serem instrumentos que há muito tempo caíram em desuso, tentarei descrever dois dos referidos, tal como os recordo.

Malho
Ferramenta formada por dois paus, um que era o cabo, com cerca de 1m e o outro com 50 a 60cm, unidos numa das suas extremidades por uma corda que os separava cerca de 15 a 20cm.

Trilho
Ferramenta que consistia em quatro cilindros de madeira, nos quais se incrustavam pequenas pás em aço. Os cilindros eram unidos nos topos por barras de ferro, por forma a que pudessem funcionar como rodas.

O trilho assemelhava-se a uma carroça sem taipais, apenas um pouco mais rudimentar e em vez das rodas, os cilindros com pás. A pessoa que manobrava esta ferramenta, poderia fazê-lo de pé ou sentado num banco de madeira que fazia parte do conjunto.

O trilho era atrelado á mula, ao burro ou outro animal de carga que ao puxá-lo fazia rodar os cilindros e respectivas pás sobre os cereais, descascando-os.

"As ceifas, as eiras, a debulha, a joeira, fazem agora parte da memória histórica dos mais velhos.
Vale e ainda perdura, o acertado dito popular: -É preciso separar o trigo do joio! "

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JJ Rodrigues