domingo, 27 de setembro de 2009

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

Para as eleições legislativas que hoje decorreram, na nossa freguesia o Partido Socialista que obteve 679 votos, foi o mais votado, ficando nos lugares imediatos, o Partido Social Democrata com 594 votos, o Bloco de Esquerda com 250 votos, o CDS com 175 votos e a CDU com 131.

BOLA DE CATCHUGO

"... Que o Padre Jorge guardava fechada á chave, num armário."


Dois dias por semana, no final das aulas, as duas senhoras esperavam-nos á saída da escola primária, para nos levarem para a sacristia onde nos ensinavam a catequese.

Os rapazes ficavam a cargo da D. Rosárinha que com muita simpatia, bondade e paciência, ia-nos ensinando os “Mandamentos da Lei de Deus” misturados com padres-nosso e ave-marias.

Para nos manter atentos, calmos e disciplinados, a promessa, quase sempre cumprida, de no final, podermos jogar com a “bola de catchugo” que o padre Jorge guardava fechada á chave, num armário.

Poder jogar um jogo de futebol, no adro da igreja, com a bola de catchugo, era o prémio da nossa assídua presença com bom comportamento, na catequese. Por isso quase desejávamos que viesse o dia da catequese, para termos de novo a bola.

O padre Jorge sabia perfeitamente o nosso interesse e usava-o em seu proveito. Sempre que necessitava de alguma colaboração dos rapazes, para qualquer tarefa, prometia-nos a bola de catchugo.
Os jogos começavam sempre com o mesmo ritual. Todos encostados á parede e os capitães de equipa iam escolhendo á vez. Assim divididos iniciávamos os jogos com um numero incerto de jogadores de cada lado.
As balizas eram marcadas com duas pedras cada ou com alguma das nossas próprias peças de roupa.

Mas as coisas nem sempre corriam bem. Ou era porque discutíamos qualquer situação do jogo e acabávamos á pancada, ou porque o padre por ter outros afazeres, retirava-nos a bola antes do tempo, causando sempre muitos protestos.

Certa vez, necessitando de ajuda para montar o arraial da festa, em honra de Nª. Senhora da Conceição, o padre Jorge, prometeu-nos mais uma vez, a bola, se o ajudássemos a colocar a gambiarra de lâmpadas que iriam iluminar o adro.

Cerca de trezentas lâmpadas que eram preciso enroscar nos casquilhos, já colocados na gambiarra que iria circundar todo o recinto.

Tentámos executar a tarefa rapidamente para ter algum tempo de sobra para jogar á bola.

Tudo estava bem encaminhado, as lâmpadas colocadas, a gambiarra já presa nos paus que a suportavam, apenas faltava prender uma das pontas.

Inesperadamente eis que surge no adro, a desejada bola de catchugo! Descuidadamente o padre Jorge deixou aberto o armário onde a guardava e um atrevido, descobrindo a bola, apressou-se a atirá-la para o meio do largo.

Ninguém mais quis saber das lâmpadas, nem da gambiarra. Quem segurava a ultima ponta largou-a, correndo para a bola.

Ouve-se um grande estrondo. Todas as lâmpadas dessa parte da gambiarra rebentam no chão!

O padre Jorge, muito irritado, corre a recolher a bola.

Acabou-se!

Grita. Não há mais bola! E não houve...


Durante mais de 3 meses não jogámos á bola, com a de catchugo!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ARVORES NOVAS

Já foram plantadas árvores novas, em substituição das que no inicio do mês de Agosto, foram abatidas, no novo bairro.

Agora de outra espécie que não as anteriores espera-se que ao crescer não venham a causar danos nas casas vizinhas.

Assinalamos e destacamos o facto de, não ter sido necessário esperar uma eternidade para a replantação.

domingo, 20 de setembro de 2009

AGOSTINHA PEIDOTA

"... nas suas mãos, vi pela primeira vez a luz do dia ..."



Na Conceição de Faro, até meados do século vinte, anos quarenta, cinquenta, os partos eram naturalmente feitos em casa.

A Agostinha “Peidota” que morava ali para os lados do Rio Seco, foi a “parteira” que ajudou a nascer muitos moços e moças desse tempo, na nossa freguesia.

Foi esta mulher que quando eu estava prestes a nascer, passou toda a noite ajudando a minha mãe, nos trabalhos de parto.

Nas suas mãos, vi pela primeira vez a luz do dia, quando pouco faltava para as oito horas da manhã.

Por esse trabalho e mais quatro ou cinco visitas posteriores que ela fez de acompanhamento á minha mãe, o meu pai pagou-lhe cerca de quinze mil réis.

Porque na aldeia e no resto da freguesia não existia qualquer médico a dar consultas, a mulher também era consultada quando surgia alguma maleita que ela prontamente tratava com benzedura e mezinha.

Por vezes, em situações mais aflitivas as pessoas deslocavam-se até á aldeia vizinha de Estói, onde existiam dois médicos a dar consultas, o Dr. Emiliano da Costa e o Dr. Gago Leiria.
Era também em Estói que se podiam adquirir os “remédios” (medicamentos) existindo igualmente duas farmácias.

Foi precisamente o doutor Emiliano da Costa que me salvou, de morrer á fome quando ainda bébé, a minha mãe a conselho da Agostinha, me alimentava apenas a água com açúcar para me tratar de uma infecção intestinal.

Tal como o ditado popular não morri da doença, ia morrendo da cura!

A Agostinha Peidota, continuou com toda a dedicação, a ajudar nos partos e dar as suas receitas, quando para tal era solicitada.

É com todo o respeito que a recordo nestas histórias da minha aldeia.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ESCANCHADO

"... Os burros desatavam num galope desenfreado ..."

Escanchado na albarda da burra, sobre a qual já se encontravam as cangalhas com dois cântaros de barro, o balde e o funil de lata, a minha mãe mandava-me á água, com apenas 7 anos de idade.

Aproveitava a ocasião em que os meus dois vizinhos um pouco mais velhos, também iam nos seus burros buscar água, á quinta do senhor Chico Norte.


Entre a casa onde morava no sitio dos Caliços e a "Quinta Grande", onde iamos encher a água, distavam mais ou menos 2 kilometros que eram percorridos por um caminho de pedras, buracos e pó, apenas transitável por animais ou pessoas a pé.


A minha mãe desconhecia que mal se metiam ao caminho, os meus dois companheiros e vizinhos, incitavam os respectivos burros que desatavam num galope desenfreado e a minha burra respondia com igual correria.
Assustado, eu apertava a albarda entre as pernas, segurava a arreata com as duas mãos e aguentava-me como podia, em cima da burra. Pelo meio escutava as gargalhadas dos meus companheiros que estavam sempre há espera que eu caísse da burra o que nunca veio a acontecer.

Porque não tinha altura nem força, para erguer o balde cheio e despejar no funil colocado na boca do cântaro, eram os meus amigos que faziam esse serviço já encomendado pela minha mãe.

Regressávamos mais calmos porque os animais agora com o peso dos cântaros cheios de água, já não conseguiam correr.

Passados dois ou três dias tudo se repetia, era preciso voltar a ir buscar água.

Quando faltavam poucos dias para completar os 8 anos de idade, mudei de morada, vim para o sitio do Besouro e tinha a água á porta de casa.
A burra que muito trabalhou para transportar os materiais para a construção da nova casa, foi vendida, por já não ser necessária.