domingo, 20 de setembro de 2009

AGOSTINHA PEIDOTA

"... nas suas mãos, vi pela primeira vez a luz do dia ..."



Na Conceição de Faro, até meados do século vinte, anos quarenta, cinquenta, os partos eram naturalmente feitos em casa.

A Agostinha “Peidota” que morava ali para os lados do Rio Seco, foi a “parteira” que ajudou a nascer muitos moços e moças desse tempo, na nossa freguesia.

Foi esta mulher que quando eu estava prestes a nascer, passou toda a noite ajudando a minha mãe, nos trabalhos de parto.

Nas suas mãos, vi pela primeira vez a luz do dia, quando pouco faltava para as oito horas da manhã.

Por esse trabalho e mais quatro ou cinco visitas posteriores que ela fez de acompanhamento á minha mãe, o meu pai pagou-lhe cerca de quinze mil réis.

Porque na aldeia e no resto da freguesia não existia qualquer médico a dar consultas, a mulher também era consultada quando surgia alguma maleita que ela prontamente tratava com benzedura e mezinha.

Por vezes, em situações mais aflitivas as pessoas deslocavam-se até á aldeia vizinha de Estói, onde existiam dois médicos a dar consultas, o Dr. Emiliano da Costa e o Dr. Gago Leiria.
Era também em Estói que se podiam adquirir os “remédios” (medicamentos) existindo igualmente duas farmácias.

Foi precisamente o doutor Emiliano da Costa que me salvou, de morrer á fome quando ainda bébé, a minha mãe a conselho da Agostinha, me alimentava apenas a água com açúcar para me tratar de uma infecção intestinal.

Tal como o ditado popular não morri da doença, ia morrendo da cura!

A Agostinha Peidota, continuou com toda a dedicação, a ajudar nos partos e dar as suas receitas, quando para tal era solicitada.

É com todo o respeito que a recordo nestas histórias da minha aldeia.

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JJ Rodrigues