quinta-feira, 28 de agosto de 2014

VELHOS AMIGOS





Ontem à noite, o "Márinho" (Mário L. Martins) entregou-me estas três fotos que me fizeram recuar no tempo uns bons 30 anos, talvez um pouco mais.

Revejo aqui alguns "amigos da aldeia" com os quais convivo quase diariamente entre outros que  há muito tempo não via, por isso vou nomear os que me lembro, pedindo ajuda, para os restantes cujos nomes não me recordo.

Segurando a taça está o Márinho, na sua frente o José Carlos, segue-se o Carlos Godinho, o José Baltazar, o José da Encarnação, o (?), o Mário, o (?), o António José, o Raul e o Chico.

Estes eram parte da  equipa de futebol da Casa do Povo e estão a comemorar a conquista de uma taça num torneio ou jogo.

O local creio ser a esplanada da Casa do Povo, ainda com cadeiras de madeira que pedíamos à "Casa dos Rapazes" para as Festas de Verão.

Obrigado Marinho pelas fotos e pela recordação destes belos momentos que fazem parte da história da Conceição de Faro.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

FIGOS ALGARVIOS IV



Depois de publicados os textos de Francisco Martins, sobre os figos algarvios, comecei a falar no assunto, com os "amigos da aldeia".

Destas conversas veio "à baila" nomes de figos que são conhecidos na freguesia, tais como: - Coito, Castelhano, S. Luis, Pardinho, Braçajota, Lampo branco, Lampo preto, Mel, Dois-à-Folha, Toca e o Verdial.

Ontem à noite envolveram-se na conversa, a Fernanda, o Reinaldo e o Faustino que me disse que tem uma figueira que dá um figo de côr verde, polpa vermelha, em fresco com sabor um pouco áspero mas que é excelente depois de seco.

Esse figo verde, é muito resistente e seca perfeitamente na própria figueira, sem cair ou apodrecer.

Também o Reinaldo tem uma figueira igual que nasceu espontânea na sua horta.

"Um dia destes" irei aparecer por lá para as fotografar.

Prometida ficou para breve, a prova destes figos secos e "cheios", apenas para atestar a sua enorme qualidade, talvez acompanhados por uma boa "aguardente de figo", para não destoar.

Também há dias falei com o amigo Ludgero Urbano, autor do livro "História da Mecanização e Agricultura Algarve" que me prometeu uma conversa mais alargada e alguma documentação sobre as figueiras no Algarve.

Consultando precisamente o seu citado  livro, no que aos figos diz respeito, encontrei um decreto-lei de 1933 que regulamentava a produção e comércio das frutas secas (amêndoa, alfarroba e figo), com a marca "Algarve", onde curiosamente se pode ler:

"No figo destinado ao comércio consideram-se os tipos ou qualidades seguintes:

  • Figo Flor, corresponde ao formato de 38 figos de tamanho uniforme por cada 500 gramas;
  • Figo meia-Flor, corresponde ao formato de 39/42 figos de tamanho uniforme por cada 500 gramas;
  • Figo Mercador, corresponde ao formato 53/70 figos de tamanho uniforme por cada 500 gramas,
  • Figo Refugo ou Caldeira, constituído por figos miúdos, brancos, mal passados, rebentados e larvados.
# Para definição das qualidades do figo não são permitidas outras designações ou termos, além destes aqui referidos."

A supra citada lei, também decretava que:

  • Durante o período vegetativo, deve-se proceder à limpeza dos figueirais, de ervas daninhas e quaisquer detritos vegetais em toda a área subjacente ás árvores;
  • Impedir o pastoreamento de gados nos figueirais durante o período de amadurecimento dos figos;
  • Proceder à colheita completa dos figos, não deixando ficar frutos caídos no chão, fazendo as "apanhas" ou "cambos" necessárias para evitar a queda natural do figo na época de maturação ... ..."



segunda-feira, 25 de agosto de 2014

FIGOS ALGARVIOS III





No seguimento das publicações anteriores venho hoje trazer uma pequena historia passada há muitos anos e que envolveu na sua essência, os nossos figos.

No inicio do século XIX um botanico Frances (M. de Sieboldi) de visita ao Extremo Oriente verificou com grande espanto seu , algures no Japão uma figueira que produzia frutos de pele escura, azulada e muito saborosos.
Dado que esta espécie de fruto não exitia naquele País perguntou-se como lá teria ido parar aquela arvore.

Sem grandes investigações comentários ou conjecturas trouxe algumas estacas para França que posteriormente enraízaram e cresceram bonitas figueiras de porte médio. Deu a esta 'nova' variedade o nome de 'Rouge de Bordeaux' ou Pastilière ou ainda, 'Hirta du Japon'....
Todavia, por qualquer razão desconhecida (?) os frutos desta figueira tem a particularidade de dificilmente amadurecerem e muito poucos vingam. Não só em França mas um pouco por todo o Mundo, coleccionadores queixam-se deste comportamento das pequenas e teimosas figueiras.

Estranhei tal comportamento e há cerca de ano e meio consegui enraízar uma pequena estaca que cresceu saudável e esta Primavera me deu a satisfação de me mostrar os embriões de 4 ou 5 frutos. Não a desbastei pois sempre queria ver o seu comportamento sem qualquer artifício.

Pois não é que todos os frutos vingaram e não caiu nenhum!

Estudos efectuados após a chegada daquele botanico Frances de volta à Europa, levam a supor que terá eventualmente sido através das Embaixadas Missionárias dos Franciscanos Portugueses ao Japão pelo século XVII, que levaram para lá muitas semente e arvores Portuguesas, e naturalmente a nossa pequena figueira e se calhar muitas outras. Isto foi sempre o procedimento natural dos nossos Missionários levando a figueira para os Novos Territórios

Talvez contente por ter finalmente regressado às suas origens (?) a nossa pequena figueira deu-me o prazer de amadurecer todos os seus frutos. Provei e são bem saborosos.

Junto fotografias destes figos/folha e pergunto se algum dos leitores saberá dizer-me se existe por cá alguma variedade semelhante ou parecida ou igual !!

F. Martins

sábado, 23 de agosto de 2014

FOLKFARO 2014



Como certamente a maior parte dos amigos sabem está a decorrer o Folkfaro, Festival de Folclore Internacional, da cidade de Faro que é uma organização do Grupo Folclórico de Faro.

Este Festival que se realiza pelo 12º. ano consecutivo, decorre ao longo de nove dias, com um programa bastante alargado que inclui para além de um espectáculo diário, no palco do Jardim Manuel Bivar, outros espectáculos nos mais diversos locais.

A nossa aldeia este ano volta a não receber qualquer espectáculo do Folkfaro, facto que naturalmente lamentamos.

Para aqueles que embora gostando ainda não tiveram oportunidade de assistir a nenhum espectáculo, lembramos que hoje Sábado a noite é dedicada aos grupos portugueses e amanhã será a vez de todos os grupos estrangeiros encerrarem o festival deste ano.


FIGOS ALGARVIOS II



Caro Amigo,

Foi com grande satisfação que recebi a vossa resposta que muito agradeço , bem como a vossa disposição e anuência em iniciar os primeiros contactos.

Também fico grato pela divulgação no vosso blog deste meu primeiro contacto e também das fotografias anexas.

Esteja à vontade, e poderá com certeza publicar tudo isso e se precisar mais diga-me por favor.

Como afirma e eu concordo em absoluto os antigos figueirais foram reconvertidos em outras culturas e os que não foram, deixaram de receber a atenção de outrora e certamente muitas árvores se perderam.

Tratava-se sobretudo de variedades próprias para a produção de figos secos que eram na grande maioria exportados.

Todavia penso que dum modo geral, o agricultor dos nossos dias ainda conserva na sua horta ou junto de casa alguma figueiras de selecção de variedades locais e que produzem frutos de grande qualidade, extraordinários de aspecto e sabor excelentes que servem para consumo próprio, também para abastecer o retalho de Praças e Mercados e também para, mantendo tradições, secar e guardar para o Inverno, torrar, confeccionar os queijos, estrelas e figos cheios, a pasta, etc..

A titulo informativo junto o link seguinte preparado por coleccionador americano, descrevendo uma parte da colecção, da Universidade Californiana de Davis »»».

(os figos identificados com números são variedades novas híbridas desenvolvidas naquela Universidade e outras Instituições dos EUA)

O figo do primeiro slide denominado nos EUA e hoje universalmente por 'Black Madeira' não é mais que uma variedade muito antiga do nosso Sotavento a que foram atribuidos varios nomes mesmo no Algarve e que seguiu no século XV com os primeiros povoadores para os Açores, Madeira e Canárias....

Após a segunda Grande Guerra, por volta dos anos 50 do século passado, um emigrante madeirense estabeleceu-se em Point Loma na California e lá plantou algumas estacas desta variedade que na Madeira (costa Norte) se conhecia por Figo Preto.

Também na Madeira os pomares de figo preto desapareceram na quasi totalidade para dar lugar à Cherimoia (Anona) que é bem mais lucrativa.

Para os standards americanos de aspecto e qualidade esta variedade é das mais procuradas por coleccionadores um pouco por todo o Mundo.

O figo preto da minha primeira fotografia enviada no mail anterior não é mais que um fruto desta variedade, dos muito poucos que ainda existem dado que está aparentemente em vias de extinção.

Por volta de 1880 esta variedade era conhecido por VIOLETA..

Temos pois aqui um bom exemplo da necessidade de preservar e cultivar estas frutos e assim evitar perder o nosso património.

Junto mais algumas fotografias deste VIOLETA que é efectivamente um fruto extraordinario em todos os sentidos.

Iremos mantendo este contacto e estarei sempre ao v/dispor

Melhores cumprimentos

Francisco Martins