sábado, 20 de julho de 2013

PORTUGAL ESTÁ LIXADO


(Foto de José Carlos)

Portugal está lixado
Com estes maus governantes
Pois tudo está mudado
Nada é como era antes!

O povo não tem emprego
Dinheiro também não tem
O primeiro ministro é cego
Só vê o que lhe convém!

Tira a reforma aos velhinhos
Que já vivem na agrúria
Se vai por este caminho
Leva o país á penúria!

As contas estão sempre tortas
Cada dia há uma falha
Seja o Coelho ou Portas
É tudo a mesma canalha!

Fizeram muitas promessas
Quando houveram eleições
Hoje fazem tudo ás avessas
Mas que grandes aldrabões!

O PS quer mandar
Quer que este governo saia
Eu não vou acreditar
Eles são todos da mesma laia!

O ministro das finanças
Rouba-nos todos os dias
Fala muito em poupanças
Mas isso são tudo fantasias!

O Cavaco fala, fala
Para não dar parte fraca
Outras vezes até se cala
Vai sacudindo a casaca!

(Manuel do Rosário António)

MANUEL DO ROSÁRIO


(Foto de José Carlos)

Manuel do Rosário foi o amigo que hoje de manhã encontrei á porta do José Carlos, tal como habitualmente acontece aos sábados de manhã quando por lá paramos, para fazer as compras.

Como havíamos combinado no ultimo sábado o Manuel entregou-me dois dos seus trabalhos em verso para publicar aqui.

Ficámos um pouco na conversa á qual se juntou o José Carlos que aproveitou para fazer uma foto actualizada do Manuel.

Na breve conversa, recordou-me que nasceu no interior da serra algarvia, nos Montes Novos, Salir, Loulé e que aos vinte anos de idade, veio trabalhar para Faro, como jardineiro.
Ao cabo de alguns anos emigrou para França onde se manteve cerca de ano e meio, regressando novamente a Faro, para trabalhar na construção civil.
Alguns anos depois voltou á sua profissão de jardineiro indo trabalhar para o Jardim da Alameda e mais tarde para o hospital de Faro, onde se manteve por 25 anos, até á sua aposentadoria.

Prestes a completar os 80 anos, continua a residir na Chaveca, Conceição de Faro, onde sempre residiu excepto no tempo em que esteve em França, motivo até porque ganhou a alcunha de "Manel da Chaveca", também conhecido pelo "Manel da Filipa".

Poeta popular, repentista e improvisador, é também um exímio tocador de ferrinhos que acompanhou o Rancho Folclórico da Casa do Povo, durante alguns anos, assim como a Charola, onde encantava com as suas "vivas de improviso".

É imbatível no canto ao desafio ou desgarradas, tendo sempre resposta pronta e acertada para o que quer que seja, terminando todas as suas quadras com uma breve e característica gargalhada.

É este o Manuel do Rosário que conheço praticamente desde a minha infância, quase sempre bem disposto, que se juntava ao grupo das "futeboladas" de todas as tardes, no largo onde é hoje a Casa do Povo e que gostava de jogar a guarda-redes.

Agora o Manel desce quase todas as tardes até á aldeia para se juntar ao grupo de amigos que no "café FF", disputam renhidos e animados jogos de dominó e aos quais dedicou os versos seguintes:

Ao dominó vou jogar
Um pouco para entreter
Vou ver se posso ganhar
Que não gosto de perder!

O Zé Maria Baltazar
Quando joga a meu lado
Se não o deixo ganhar
Fica todo chateado!

Lá tá o Manuel João
Que não sabe o que fazer
Fica com o jogo na mão
Depois diz que foi sem querer!

Também não é todo tonto
O amigo Adelino
Fica sempre com pouco ponto
E pede outro cappuccino!

O António carpinteiro
Não vai muito ao desleixo
Como é muito matreiro
Joga sempre para o fecho!

E há o Manuel Mestre
Que também gosta de jogar
Mas é uma grande peste
Leva uma hora a pensar!

(Manuel do Rosário António)

terça-feira, 16 de julho de 2013

MELENCHÃO

Hoje sinto-me melenchão não tenho acção para nada!?...


Na Conceição de Faro quando se diz que alguém é "melenchão" quer dizer que é mole, lento, preguiçoso, não trabalha, não faz ou não serve para nada.

Também quando estamos melancólicos, preguiçosos, ensonados, cansados e não nos apetece fazer nada, nem sequer mexer-mo-nos do lugar onde estamos, dizemos que nos sentimos melenchões.

Quando não temos "acção" para nada quer dizer que não temos vontade de fazer nada.

A palavra melenchão, aos poucos vai saindo do nosso vocabulário quotidiano e hoje só os mais velhos conhecem o seu significado

sábado, 13 de julho de 2013

O AZEITE



Há dias, a falar com o amigo Gonçalves, a conversa resvalou para o azeite e a forma como era feito em casa, no tempo dos nossos avós.

Este árduo trabalho feito á mão de forma artesanal, sem sequer ter a ajuda duma prensa, tinha mais ou menos os seguintes passos.

A tarefa começava pela apanha das azeitonas em plena maturação, não as deixando amadurecer demasiado ou secar.

De seguida esmagavam-se á mão, usando um martelo, maço de madeira ou simplesmente uma pedra, colocando-as a seguir, dentro duma saca de serapilheira.

Preparava-se o tabuleiro em chapa, com quatro pés, sendo que os dois anteriores eram mais altos que os posteriores, ficando com uma inclinação, em direcção a um bico por onde iria escorrer o liquido.

Enquanto isso era aquecida a água, que se deitava no saco onde já estavam as azeitonas esmagadas.

De imediato atava-se a boca do saco e  esfregava-se energicamente no tabuleiro, o saco com a água quente e as azeitonas, obtendo uma mistura de água e azeite que ia escorrendo pelo bico do tabuleiro, para um outro recipiente.

Repetia-se a tarefa da água e da esfrega, até já não se conseguir obter mais mistura.

Depois de arrefecer a mistura, o azeite vinha a cima, sendo recolhido para vasilha própria.

No fundo ficava a "água russa" que com o "bagaço" (mistura de caroços e alguma polpa que ainda ficavam no interior do saco) eram aproveitados para, juntando ao farelo, alimentar os porcos.

O azeite naquele tempo era usado na alimentação, na iluminação e para algumas mezinhas caseiras.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

AGREGAÇAO XIV





Começaram a chegar ás nossas caixas de correio as actualizações dos números de eleitor, para a nova freguesia ou seja a "União das Freguesias de Conceição e Estoi".

O número de eleitor anterior mantém-se e apenas se lhe juntou uma letra.

"União das Freguesias de Conceição e Estoi" não será o nome adequado porque deixa a ideia que se mantêm as duas freguesias quando na verdade passará apenas a existir uma única que ocupará o território das duas cessantes que deixam de existir.

A nova entidade que inicia funções a partir do próximo acto eleitoral terá á partida alguns problemas para resolver de imediato, como sejam, a aprovação de:
  • Orçamento;  
  • Quadro de pessoal; 
  • Símbolo e selo, a usar nos documentos oficiais;
  • Local onde irá funcionar a sede administrativa.
Deverão manter abertas as secretarias  de Conceição e de Estoi, continuando o serviço de proximidade ás respectivas populações.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O PÉZINHO

Na Conceição de Faro, no tempo em que as casas eram caiadas, usava-se o "pézinho", uma espécie de rodapé pintado.

O pincel era passado no ângulo formado entre a parede e o pavimento, fazendo uma barra, caiada uma parte na parede e a outra no chão, como se fosse um pé que contornava todo o pavimento.

O "pézinho" era feito tanto no interior como no exterior das casas e a largura da barra no chão andava entre os 3 e os 8 centímetros, dependendo do gosto e da destreza da dona de casa .

Não se usando o actual rodapé para proteger a parte inferior das paredes, ao fim de algumas limpezas do pavimento a parede ficava suja e era necessário renovar o "pézinho".

Assim, enquanto as casas eram caiadas na melhor das hipóteses uma vez por ano, o "pézinho" era caiado amiúde para dar um aspecto fresco, limpo e asseado á casa.

Para caiar as casas normalmente chamava-se o caiador enquanto o "pézinho" era a própria dona de casa que o fazia.

Caiava-se utilizando a cal que se comprava em pedra (cal viva) e que era necessário "abrir" para usar.

Abria-se de véspera a cal viva, juntando-lhe água e "mexendo". A mistura começava por ferver durante algum tempo e aos poucos ia-se transformando numa pasta branca (cal aberta) com a qual se caiava.