sábado, 27 de outubro de 2012

MANIFESTAÇÃO CONTRA AGREGAÇÃO DE FREGUESIAS


Mais de duas centenas de pessoas, em representação de cerca de vinte freguesias algarvias, participaram esta tarde em Faro, na manifestação contra a agregação e extinção de freguesias.




De Conceição de Faro, para além da representação da Junta, poucas foram as pessoas que participaram, apesar de terem sido espalhados pela freguesia, cartazes a dar conta desta manifestação.




Naturalmente que podiam e deveriam ser muitas mais, mas muitos preferiram ficar em casa, assim como a maioria das freguesias algarvias que nem por uma questão de solidariedade para com as congéneres que estão em risco de extinção, se dispuseram a vir até á praça da Pontinha, em Faro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

AGREGAÇÃO X




Vai ter lugar no próximo Sábado, 27 de Outubro, a partir das 16.00 horas, no Largo da Pontinha, em Faro, uma manifestação de protesto contra a agregação de freguesias.

A organização deste protesto pertence a um grupo de freguesias, com o apoio da direcção regional do STAL.
A organização apela á participação de todos os membros eleitos das freguesias algarvias, seus trabalhadores, associações, colectividades e população.

Recorda-se que neste momento, depois de ouvidas as Assembleias Municipais, o processo de reorganização administrativa, está na Assembleia da Republica que deverá decidir quais as freguesias a agregar, prevendo-se que no Algarve cerca de 4 dezenas de freguesias sejam afectadas.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LUDGERO URBANO



Conheço o Ludgero Urbano, desde o tempo em que ambos frequentávamos, a Escola Comercial e Industrial de Faro.

O Ludgero, é um apoiante incondicional das causas de Conceição de Faro, sua terra natal, onde também reside e está presente nos seus eventos quer com a sua presença, onde aparece com a inseparável máquina fotográfica, quer apoiando financeiramente em seu nome pessoal ou da sua empresa.

Homem de causas, não desiste facilmente daquilo em que acredita, mesmo que para isso tenha de bater a muitas e variadas portas.

Foi o caso de se ter apercebido que na lápide do Monumento aos Combatentes, instalado em Faro, não constava o nome de João José Ramos da Encarnação, natural da freguesia de Conceição de Faro e falecido ao serviço do exercito português,  em Moçambique, em 1971.

A partir daí o Ludgero envidou todos os esforços para a inscrição nessa lápide, do nome do nosso conterrâneo, ex-combatente, o que veio a acontecer, tendo sido tornado publico na cerimónia evocativa do Dia do Combatente que decorreu em Faro, junto ao referido monumento, em 9 de Abril de 2012.

Obrigado á direcção do Nucleo de Faro, da Liga dos Combatentes e a todos os que contribuíram para a concretização desta inscrição.

Ao Ludgero Urbano, os nossos parabéns pelo objectivo alcançado.

 Mais Informação ver Nucleo de Faro da Liga dos Combatentes »»» 
 Ver fotos 1 »»»        fotos 2 »»»

domingo, 21 de outubro de 2012

AGUIDAS


"Que os pássaros adoram comer..."


Choveu e após parar a chuva, o sol, trouxe milhares de insectos para o ar,  entre os quais as aguidas (a palavra lê-se assim: - a-gu-i-das), que com este tempo tiveram a situação ideal para enxamear.

Para quem não conhece estes insectos, eles são de cor negra e asas brilhantes, prateadas, com cerca de 10 a 12 mm, de comprimento.

A formiga que lhe dá origem é também negra, de tamanho 3 a 5 mm, aguerrida e trabalha incansavelmente podendo-se observar grandes carreiros a transportar sementes para o seu cabeceiro.

Criam-se em terrenos de sequeiro ou na beira dos caminhos. Podem-se apanhar a partir do inicio de Setembro, pela frescura da manhã, altura em que estão mais á superfície e uma ou duas cavadelas no cabeceiro, serão suficientes para as pôr a descoberto.
Com o calor do dia refugiam-se para o interior da terra, sendo necessário escavar a uma profundidade de entre meio a um metro.

Caso não sejam apanhadas antes, o enxame dá-se após a primeiras chuvas de outono, abandonando o cabeceiro, vagueam pelo ar, até perder as asas e acabar por morrer no solo.


Em tempos, na Conceição de Faro,  existia uma grande tradição de apanhar as aguidas para armar aos pássaros.

A partir da segunda semana de Setembro começam a chegar, os primeiros pássaros de arribação:
-Pardelas, felosas, taralhões, rabos-ruivos, barbara-ferreiras que apenas ficam 2 a 3 semanas, voltando a partir.

No inicio de Outubro chegam os cartaxos e as inteiriças que também permanecem igual periodo de tempo .

Por fim, chegam piscos, arveloas (branca e amarela), boieiros (ou agachadiços) que permanecem até ao inicio do próximo ano.

Alguns alimentam-se de fruta e insectos, outros apenas de insectos, mas todos têm uma adoração pelas aguidas que não exitam em comer.

Sabendo disso, apanhávamos as aguidas que punhamos nas ratoeiras, atraindo os pássaros para os capturar.

As ratoeiras haviam de vários feitios e tamanhos, mas as mais usadas para os pássaros eram feitas em arame, com mais ou menos 15 cm de comprimento, constituídas por uma peça base em semi-circulo, com uma rabeira, duas molas de arame de aço.
Para completar o conjunto, outra peça em semi-circulo e dois pingalhetes, um grande e outro mais pequeno, onde se colocava a aguida.

A ratoeira armava-se, abrindo a segunda peça, no sentido da rabeira e encaixando os pingalhetes um no outro, para trancar.
O pássaro ao tentar comer a aguida desarmava os pingalhetes e o conjunto fechava-se  sobre o seu pescoço, por acção das molas.

Para os primeiros pássaros, as ratoeiras eram colocadas nas figueiras, aroeiras, treviscos ou no chão.

Para todos os outros eram colocadas no chão, cobrindo-se com terra apenas ficava visivil o pingalhete com a aguida viva.

Na Conceição de Faro actualmente porque deixaram de existir as aroeiras, os treviscos e as figueiras de sequeiro, deixou também de haver a alimentação adequada para estas aves pelo que são raros os pássaros de arribação.

Subsistem ainda os piscos, embora em muito menor quantidade.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AZIAL


"... trincar os beiços do animal ..."
Ver este instrumento em  madeira »»»
Peça do Nucleo museologico de Alcaria dos Javazes

 

Recordo hoje, uma palavra que ao tempo se prenunciava mais ou menos assim: -"azial".

Esta palavra  em tempos na Conceição de Faro, era usada para designar um instrumento que se utilizava para prender os beiços dos animais muares, a fim de os manter quietos quando se pretendia tosquiar, ferrar ou efectuar outra manobra que necessitasse da sua colaboração forçada.

O instrumento consistia em dois paus com 30 a 40 cm de comprimento, idênticos aos rolos usados na cozinha para estender a massa mas, com um pormenor, as suas superfícies não eram lisas mas sim sulcadas.

Numa das pontas eram unidos por duas argolas, enquanto um baraço juntava as outras duas depois de trincar os beiços do animal que desta forma ficavam selados.

Assim manietado, o animal mantinha-se dócil, se estrebuchasse era apertado um pouco mais o baraço na extremidade do azial, aumentando a dor no focinho.

Ontem á noite, numa conversa sobre o assunto que mantive com o Faustino, o Martins e o Albino, foi-me dito que nalguns lugares este instrumento era feito em ferro retorcido, tornando ainda maior a dor e a tortura que provocava nos animais.

Entretanto falei com o amigo Ludgero Urbano que se disponibilizou para me deixar fotografar  uma peça que possui no acervo do seu museu rural.

Utilizado durante muitos anos, este tortuoso instrumento foi até introduzido nas histórias populares, como aquela em que os antigos barbeiros brincavam com os clientes que nunca estavam quietos na cadeira, ameaçando: -" Não tarda nada levas com o azial ..."