segunda-feira, 13 de julho de 2009

MANADIA

"... Juvenil grupo de maltezes ..."

Terminadas as aulas, a “malta” ficava um pouco "á manadia”, durante os três longos meses das férias de verão.

Muito novos, com os pais a trabalhar sem tem tempo para cuidar de nós, tínhamos os dias por nossa conta.

A “Escola” terminava na última semana de Junho, no mês de Julho havia exames, para aqueles que os tinham e só voltávamos ás aulas na primeira semana de Outubro.

Não era grande o juvenil grupo de "maltezes". Os nomes que recordo, para além do meu próprio, são o João Baptista, o Reinaldo, o José Silvério, os irmãos Perna, o Florival, o Ilídio, o Filhó, o Joaquim Manuel (mudo), o Abel, o José Mateus, o Marinho, o Idalécio e o João Pancinha.
Esta "malta" morava, em sítios como, Paço Branco, Meloal, Besouro e Jardina, todos pertencentes á Conceição de Faro.

Eram várias as “maltezarias” que fazíamos no verão.

Apanhar pássaros era uma delas, senão a principal, utilizando umas ratoeiras de arame e molas de aço enrolado, começávamos no inicio do verão por apanhar picanços que se perdiam por grilos e no final do verão, inicio do Outono eram os pássaros de arribação que se deixavam apanhar com “aguídas” (formigas de asas).

A pardela, o rabo-ruivo, o taralhão, o cartaxo, a felosa, etc..

Eram muitas as pequenas aves que arribavam, durante mais ou menos um mês (Setembro) mantinham-se por cá, fazendo as nossas delícias.

As fisgas sempre prontas no bolso dos calções, serviam também para com alguma sorte e pontaria, apanhar os pássaros.

Tomar banho nos “tanques” que serviam de apoio á rega das hortas, era outro dos passatempos.

Juntávamo-nos em grupo e pela força do calor ou seja na parte do dia mais quente lá estávamos dentro do tanque.
Por vezes éramos surpreendidos pelos donos dos tanques ou até pelos próprios pais que com a ameaça de uma “vara de marmeleiro” nos faziam abandonar o banho o mais rápido possível, por vezes até sem tempo para recuperar a roupa que havíamos despido. Saindo espaventados, nus, correndo pelas hortas. Escondíamo-nos. Só muito mais tarde íamos a medo buscar a roupa.

O roubo da fruta era outro passatempo preferido.

O figo, o albricoque, o pêssego, a ameixa, a pêra, a romã, a amora, eram de entre muitas, as que mais nos interessavam.
Conhecendo as hortas a palmo, sabíamos exactamente onde estava a melhor e mais apetitosa fruta.
Éramos os primeiros e mais assíduos clientes, o que nos valia por vezes umas boas corridas dos donos, com gritos de “grandes malandros” !

As melancias que pelo toque ainda não sabíamos avaliar se estavam ou não maduras era preciso “calar”, isto é, fazer um pequeno corte na casca para ver. Com esta acção, caso não estivesse madura, estragávamos a fruta. Prudentemente voltávamos o corte para o solo e a coisa só era descoberta quando a melancia era colhida.

O dono começava a apanhar as melancias e descobria as imprudentes “calas”que naturalmente estragavam as melancias.

Resultado. Queixa em casa e uma tareia dos pais.

Deste modo, o castigo vinha tarde mas não faltava!

O futebol fazia também parte das nossas férias, disputando renhidos jogos quer em plena estrada empoeirada ou em qualquer restolho disponível. Calçados de alpercatas ou sandálias, era na maioria das vezes descalços que jogávamos para não ter de ouvir ou até mesmo apanhar dos nossos pais por estragarmos o calçado!

E assim "á manadia" passavam as nossas longas férias de verão!

1 comentário:

  1. EU TAMBEM FAZIA DÉSSAS, MAS NÃO SE RÔBA-VA AS PESSOAS, NEM AS TRATAVAMOS MAL??MAL DE NÓZ , ERÃO OS NOSSOS PASSA TEMPOS, SEM FAZER ESTRAGOS , DE MAIOR ENPORTANÇIA, NÃO COMO AGORA ? NA QUE-LE TEMPO,TAMBEM AVIA MUITA MIZÉRIA, NA CLASSE POBRE, NÃO ÉRA AMIGOS, ??? BÉLOS TEMPOS??

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JJ Rodrigues