Baile das Surpresas
O amigo José Mateus, trouxe-me á memória o “Baile do Sr. Manuel que antes fora o Baile do “Mariano”.
O “Salão”, tal como o recordo, tinha (tem?) mais ou menos a seguinte composição:
-A Sala de Baile propriamente dita, rectangular, com uma bancada de madeira em anfiteatro, á direita, várias filas de bancos “corridos” em madeira, á esquerda e no topo o palco também em madeira. Do lado direito do palco as casas de banho.
-Á esquerda do palco, em plano mais elevado, o bar com vista tipo balcão para a Sala de Baile e num plano um pouco mais elevado e igualmente com vista tipo balcão para a mesma sala, ficava a “Casa” para as crianças e respectivas mães.
-Á porta, o Sr. Manuel cobrava as entradas. Atrás de si, sentados em duas grandes cadeiras de madeira colocadas uma de cada lado, dois guardas da Guarda Nacional Republicana controlavam quem entrava impondo o necessário respeito.
Durante muitos anos este “Baile”que funcionava aos Domingos á noite e para o qual o Sr. Manuel chamava a atenção soltando ao fim da tarde do mesmo dia, dois ou três foguetes, foi o ponto de encontro das moças e moços da Conceição.
Lá começaram muitos namoros que vieram a dar em casamento.
Dias de baile especiais, como o Baile de Ano Novo, com a presença das Charolas, os Bailes de Carnaval, o Baile do Dia de Páscoa, o Baile das Surpresas, este último bastante engraçado, porque as surpresas eram ofertas das raparigas, feitas em caixas fechadas, sem que se soubesse o que continha.
Eram depois leiloadas. Os rapazes compravam para mostrar que tinham dinheiro e para agradar ás raparigas. Finalmente as caixas antes de serem entregues ao comprador eram abertas pelo leiloeiro para que todos vissem o seu conteúdo.
Por vezes surgia uma enorme surpresa. O conteúdo da oferta além de não ter qualquer valor, ainda gozava o comprador.
Certa vez, uma moça bastante pretendida por todos os moços ofereceu uma bonita caixa, cheia de laços, cuja arrematação foi muito discutida.
Aberta a caixa apareceu um bom “par de cornos” o que evidentemente serviu de grande chacota.
Comecei a ir a este Baile provavelmente ainda na barriga da minha mãe e por lá andei até aos vinte anos de idade.
Quando era miúdo esperava ansiosamente a chegada do meu padrinho “Joaquenito” que me dava os dez tostões para comprar o “pirolito” bebida gaseificada que eu adorava.
Quando cheguei á idade de pagar entrada, comecei a ser o vendedor das tabletes na famosa musica das tabletes e aí juntava as duas vantagens, não pagava a entrada e não era apanhado na respectiva musica das tabletes (a vida era difícil já naquele tempo!!!)
Recordo-me naturalmente da televisão no salão e que á hora do “Bonanza” quase parava o baile, tal era o número de fans desta série.
Por agora chega de recordações.
Espero que mais alguém nos mande uma história.
JJ Rodrigues
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