quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

REMOALHO



Hoje amanheceu com um dos dias a que nos habituámos a chamar de mau tempo!

Muita chuva, relâmpagos,  trovões e nuvens escuras a tapar completamente o sol que por vezes ainda tenta aparecer.

Como diria um a amigo meu, é um daqueles dias de manhã, que nem de tarde, se deve sair à noite!

É verdade, há dias assim!

Não se pode esperar muito de um dia destes, por isso limito-me a ficar recolhido em casa, no meu canto e quase inconscientemente inicio uma espécie de "remoalho" à minha memória.

Isto é, dou-lhe voltas e revoltas até começar a reviver um episódio do meu passado relacionado com um dia como este.

Neste remoer imaginário consigo encher a ribeira que corre rápida a poucos metros da nossa aldeia.

Uma água turva, pejada de laranjas, pastos e troncos de árvores que ajudada pelo vento, foi derrubando e arrastando para o leite da ribeira numa enchente já a transbordar. Alguns dos troncos ficam por momentos presos na ponte, até a força da corrente os libertar, para continuarem o seu percurso.

Eu, estou a poucos metros da ponte, curioso, mas com receio que toda aquela enxurrada se descontrole e venha atingir-me. No entanto, não me afasto e continuo parado na estrada já alagada.

Mais pessoas se vão juntando de um e de outro lado da ponte igualmente curiosas, comentam a situação.
Neste momento é muito arriscado atravessar a ponte já submersa e ninguém se atreve, nem sequer o mais afoito tenta.

O caudal da ribeira continua a engrossar e são cada vez mais os objectos que vêm a boiar arrastados pela corrente. A cada nova aparição, um grito, uma chamada de atenção, um comentário de todos os que assistem ao correr meio descontrolado das águas.

A ribeira que a maior parte do ano está seca, justifica agora plenamente a sua existência, recolhendo as abundantes águas, minimizando os prejuízos que de outra forma iriam correr soltas pelo meio das terras, caminhos e estradas, causando maiores danos.

Embora o tente não consigo recordar com precisão a data deste episódio, até porque o vivi mais do que uma vez. Quantas não sei, mas sei que há mais de duas dezenas de anos que não temos uma "cheia" destas na nossa ribeira.

Adormeci por alguns momentos e o "remoalho" de memórias terminou.

A propósito, alguém sabe dizer o que significa exactamente a palavra remoalho? 

Esta palavra escutei-a de alguém a queixar-se: -Parece que estou a comer o "remoalho!"


Um abraço!


Sem comentários:

Enviar um comentário

Olá amigos
Usem a caixa abaixo para escrever a Vossa mensagem de forma correta e sucinta, tratando apenas um assunto em cada comentário (mensagem).
Obrigado
JJ Rodrigues