O
Engenhoco é um engenho de nora, assim designado por ser de pequenas dimensões e simplificado.
Este
engenhoco está colocado com a sua pequena roda de alcatruzes
(roda dágua) metade dentro da nora, isto é o seu eixo
(viga) está ao nivel do solo, apoiado em cada um dos lados do pequeno gargalo.
Este engenho tal como os de maiores dimensões é feito em ferro e tem um prumo (eixo) vertical de onde saiem a
almanjarra ou varal e a
guia para prender a besta, actuando em duas rodas dentadas horizontal e vertical
(roda do sol) sobre um eixo horizontal
(viga) que encaixa na roda de alcatruzes
(roda d'água).
O
passeio da besta, é feito á volta do gargalo da pequena nora
(sanja).
Estes
engenhocos de reduzido tamanho, apenas se utilizavam em noras
(sajas) de pouca profundidade e pequenas dimensões, como é o caso das três que existem no sitio do Paço Branco, na freguesia de Conceição de Faro, junto á EN 2, do lado direito, em direção á cidade de Faro.
No Paço Branco, existem várias nascentes que até há poucos anos atrás brotavam água todo o ano.
Em tempos remotos alguma dessa água foi canalizada numa
levada subterrânea paralela á estrada que passa por essas pequenas noras.
Um pouco mais á frente cruza a estrada, junto ao Blé Graça que tem uma pequena
pelheita para poder tirar a água.
A seguir á
pelheita um pouco mais á frente a água vem á superfície e corre pela valeta da própria estrada, até entrar na horta e ir encher o tanque do Dr. Esquível, já nas Campinas de Faro
(uma parte desta água quando em demazia, seguia valeta abaixo, sempre no lado esquerdo da E.N.2, passava pelo Chelote e Bate Cú, até á ribeira da Goleta na Perna de Pau) .
A água sobejante do tanque era encaminhada novamente para a valeta mas agora da estrada de Conceição para Faro, correndo para a ribeira da Goleta e daí até á ria de Faro.
Resta dizer que no Paço Branco para além destes três
engenhocos, existe outra curiosidade que é a nora dos três engenhos.
Uma nora onde trabalhavam três engenhos que por sua vez iam abastecer três diferentes tanques. Devido á grande quantidade de água que podia ser retirada da nora os engenhos podiam trabalhar em simultâneo.
Acrescento a titulo de curiosidade que:
- Almanjarra, é o varal que prende ao prumo, onde através do balancim com os tirantes (correntes ou cordas) se atrelavam pelo cangalho, os animais;
- Guia, é o varal preso igualmente ao prumo onde se prendia á frente pelo cabresto com a arreata, o animal;
- Entre-olhos, é um apetrecho feito em palma ou outro material que se colocava na cabeça do animal para lhe tapar os olhos, para evitar que almareasse com o andar á roda;
- Roda d'água, é a roda composta por dois aros, separados pelas costas. Em cada costa uma patilha onde encaixa a corda com os alcatruzes;
- Roda do Sol, é a roda que fica na outra ponta da viga que a liga á roda d'água;
- Sanjas, é o nome pelo qual em alguns lugares designavam estas pequenas noras cujos gargalos não eram redondos, mas sim rectangulares;
- A pelheita (ou pulheita) é uma pequena caixa que existe junto ao tanque, envolvendo a sua válvula de saída, fazendo de caixa de derivação, controlando também a força e a pressão de saída da água do tanque para a levada ou para o rego.Ao longo das levadas também se usam as pelheitas como caixas de derivação;
Nota: -Para a identificação de algumas destas peças tive a colaboração do amigo Agostinho Santos Tangarrinha que agradeço.