terça-feira, 30 de novembro de 2010

FESTAS Nª. Sª. CONCEIÇÃO


Vão decorrer a partir do próximo fim de semana as tradicionais Festas em Honra da Imaculada Conceição, padroeira da nossa freguesia.

Do programa destacamos:

Domingo, 5
  • Almoço Convivio
Quarta-Feira, 8
  • Alvorada com repique de sinos
  • Eucaristia Solene
  • Procissão
  • Actuação da Banda da Associação Filarmónica de Faro
  • Consagração e Benção da Imaculada
  • Arraial - Quermesse - Leilão de Ramos
  • Actuação do Rancho Folclorico da Casa do Povo de Conceição 
Como habitualmente as Festas contam com dois juizes que este ano são: -Soraia Manuel e Gonçalo Campina.

A oganização pertence á Comissão de Festas da Paróquia que tem os apoios da Casa do Povo, Junta de Freguesia, Camara Municipal e ainda de várias empresas e empresários.
Á semelhança de anos anteriores, colabora também com a Comissão de Festas, o Paço Branco - Clube de Amigos de Ciclomotores Antigos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ENGENHOCO


O Engenhoco é um engenho de nora, assim designado por ser de pequenas dimensões e simplificado.

Este engenhoco está colocado com a sua pequena roda de alcatruzes (roda dágua) metade dentro da nora, isto é o seu eixo (viga) está ao nivel do solo, apoiado em cada um dos lados do pequeno gargalo.

Este engenho tal como os de maiores dimensões é feito em ferro e tem um prumo (eixo) vertical de onde saiem a almanjarra ou varal e a guia para prender a besta, actuando em duas rodas dentadas horizontal e vertical (roda do sol) sobre um eixo horizontal (viga) que encaixa na roda de alcatruzes (roda d'água).

O passeio da besta, é feito á volta do gargalo da pequena nora (sanja).

Estes engenhocos de reduzido tamanho, apenas se utilizavam em noras (sajas) de pouca profundidade e pequenas dimensões, como é o caso das três que existem no sitio do Paço Branco, na freguesia de Conceição de Faro, junto á EN 2, do lado direito, em direção á cidade de Faro.

No Paço Branco, existem várias nascentes que até há poucos anos atrás brotavam água todo o ano.

Em tempos remotos alguma dessa água foi canalizada numa levada subterrânea paralela á estrada que passa por essas pequenas noras.

Um pouco mais á frente cruza a estrada, junto ao Blé Graça que tem uma pequena pelheita para poder tirar a água.
A seguir á pelheita um pouco mais á frente a água vem á superfície  e corre pela valeta da própria estrada, até entrar na horta e ir encher o tanque do Dr. Esquível, já nas Campinas de Faro (uma parte desta água quando em demazia, seguia valeta abaixo, sempre no lado esquerdo da E.N.2, passava pelo Chelote e Bate Cú, até á ribeira da Goleta na Perna de Pau) .

A água sobejante do tanque era encaminhada novamente para a valeta mas agora da estrada de Conceição para Faro, correndo para a ribeira da Goleta e daí até á ria de Faro.

Resta dizer que no Paço Branco para além destes três engenhocos, existe outra curiosidade que é a nora dos três engenhos.
Uma nora onde trabalhavam três engenhos que por sua vez iam abastecer três diferentes tanques. Devido á grande quantidade de água que podia ser retirada da nora os engenhos podiam trabalhar em simultâneo.

Acrescento a titulo de curiosidade que:
  1. Almanjarra, é o varal que prende ao prumo, onde através do balancim com os tirantes (correntes ou cordas) se atrelavam pelo cangalho, os animais;
  2. Guia, é o varal preso igualmente ao prumo onde se prendia á frente pelo cabresto com a arreata, o animal;
  3. Entre-olhos, é um apetrecho feito em palma ou outro material que se colocava na cabeça do animal para lhe tapar os olhos, para evitar que almareasse com o andar á roda;
  4. Roda d'água, é a roda composta por dois aros, separados pelas costas. Em cada costa uma patilha onde encaixa a corda com os alcatruzes;
  5. Roda do Sol, é a roda que fica na outra ponta da viga que a liga á roda d'água;
  6. Sanjas, é o nome pelo qual em alguns lugares designavam estas pequenas noras cujos gargalos não eram redondos, mas sim rectangulares;
  7. A pelheita (ou pulheita) é uma pequena caixa que existe junto ao tanque, envolvendo a sua válvula de saída, fazendo de caixa de derivação, controlando também a força e a pressão de saída da água do tanque para a levada ou para o rego.Ao longo das levadas também se usam as pelheitas como caixas de derivação;
Nota: -Para a identificação de algumas destas peças tive a colaboração do amigo Agostinho Santos Tangarrinha que agradeço.

sábado, 6 de novembro de 2010

TALEFE


Conheço-o desde a minha infância porque nasci a pouco mais de uma centena de metros da sua localização.

Está no sitio dos Caliços quase no extremo nascente da fazenda do "Agostinho" mesmo em cima do valado que faz a partilha daquela propriedade com um pequeno mato meio abandonado.

Na infância, a curiosidade levava-me a  ir pela vereda que serpenteava entre aroeiras, tojos e tomilhos, para subir ao seu cimo. Naquele tempo, lá de cima, avistava-se algumas casas dispersas, alfarrobeiras, figueiras, o valado e o mato em redor.

Para sul aparentemente a curta distância até á linha do horizonte, podia ver o mar que em dias claros reflectia a luz do sol como um grande espelho.
Se lá fosse á noite, veria um espectáculo de luzes trémulas que me pareciam as de uma procissão, todas muito alinhadas correspondendo ás traineiras que no mar efectuavam a sua faina de pesca nocturna.

Quanto ao "Talefe" não sabia ao certo para que servia, mas habituei-me a respeitá-lo porque tinha sido advertido pelos meus pais para não lhe causar qualquer estrago, caso contrário, seria castigado pela tropa ou pela guarda.

Na escola aprendi que o seu verdadeiro nome era "Marco geodésico" e que era muito útil para a orientação da tropa. A partir desse conhecimento fiquei a respeitá-lo mais, embora não compreendesse como é que orientava a tropa se eu nunca tinha visto por ali qualquer tropa.

Hoje o nosso "Talefe" ainda lá está. Talvez já não oriente a tropa, mas mantém-se num dos pontos mais altos da freguesia de Conceição de Faro.

Não sei ao certo a sua idade, sei que foi construído pelos militares, na década de 40 para 50, do século passado.

Resta dizer que o velho valado de caliço foi construído alguns anos antes, por um pedreiro residente nas redondezas que se chamava João Rodrigues Pereira, com a ajuda do seu filho mais velho João Rodrigues.