segunda-feira, 11 de outubro de 2010

AZINHAGA

"... associada ás boas recordações de infância."


Há muito tempo que este nome andava na minha cabeça, sem saber ao certo a razão destas recordações, nem tão pouco onde seria a tal Azinhaga.

Recordava-me vagamente de que na minha infância passava por uma Azinhaga.

Um caminho estreito, com muita areia, ladeado por altos montes onde a espaços existiam canas que pendiam sobre o mesmo, tornando-o sombrio, ao mesmo tempo que fresco. É esta imagem que trago na memória.

Mas na Conceição de Faro não conheço qualquer caminho que se possa considerar uma Azinhaga e não sei porque a recordava.

Ontem por acaso ao comentar com a minha mãe a proximidade do dia da Feira de Faro, ente outras coisas ela fala-me de um atalho que quando vivíamos no Sitio dos Caliços costumávamos usar passando pela Azinhaga que da Galvana dava acesso á estrada da Caldeira do Neto, indo sair um pouco mais abaixo do Porto do Carreiros, a caminho de Faro e da Feira anual.

Esta seria a  Azinhaga das minhas recordações, por onde passei várias vezes, a pé ou de burro, a caminho da Feira. Por muito que procurasse não a encontrava porque hoje já não existe.

Haviam dois acontecimentos a que os meus pais nunca faltavam, a Festa em Honra de Nossa Senhora da Conceição e a Feira de Faro.
Estes eventos fazem parte da minha vida de tal forma que também eu, nunca faltei a qualquer um deles.

Para as gentes de Conceição de Faro, há alguns anos atrás, a Feira de Faro tinha tanta importância que nos dois dias principais 19 e 20 de Outubro, fazia-se uma espécie de feriado popular e toda a gente vestia a roupa domingueira e ia á Feira.

As pessoas iam estrada fora acabando por formar grandes grupos a caminho da Feira que se realizava no Largo de São Francisco e ruas limítrofes.

Excepcionalmente nestes dois dias as camionetas da carreira, antigos autocarros, esqueciam os horários e os locais de paragem oficiais, fazendo o transporte continuo das pessoas, parando em qualquer lugar, para receber passageiros que transportavam para a Feira.

Quanto a mim não fiquei totalmente ciente em relação á Azinhaga da Galvana, nem tão pouco ao motivo porque a recordo agora, pelo que continuo procurando.

Talvez algum amigo ao ler este texto, saiba mais sobre esta e outras Azinhagas que tenham existido na Conceição de Faro ou nas suas imediações e queira partilhar aqui esse conhecimento.

Ontem á noite falei com o Faustino que me confirmou a existência da Azinhaga da Galvana que aliás passava junto a uma das suas propriedades. Esta Azinhaga era o caminho mais perto para a cidade de Faro, para as pessoas que residiam na parte nascente da freguesia.

Segundo o Faustino, da Torre de Natal para a Galvana, também existia uma Azinhaga onde actualmente é a estrada.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PÉ DE MEIA

"um bom Desafogo"

Na Conceição de Faro, há alguns anos atrás era comum as pessoas preocuparem-se com o seu Pé de Meia, ou seja, com as suas poupanças.

Dizer que fulano ou fulana tal, tinha um bom Pé de Meia, era o mesmo que dizer que eles se governavam bem, tinham alguma coisa de seu, eram no mínimo remediados.

O Pé de Meia, dava-lhes segurança, confiança no futuro e até estatuto social.

O Pé de Meia podia ser desde animais que se criavam para venda, sementeiras que se colhiam também para venda, até aos próprios bens imóveis, casa ou terrenos.
Também se dizia que essas pessoas tinham um bom Desafogo.

Havia quem fizesse o seu Pé de Meia, forrando ou amealhando algum dinheiro que guardava em casa, dentro do colchão, debaixo do ladrilho ou num buraco secreto, existente na casa.

Hoje, a palavra foi esquecida e o costume por se achar desnecessário caíu em desuso.