"Buuu, Buuu, Buuu ... ... vem aí o Arrieiro!"
Na Conceição de Faro, há alguns anos atrás, o Arrieiro era o vendedor de peixe que ia de porta em porta fazendo a sua venda ou seja, nem mais nem menos que o Almocreve que neste caso apenas se dedicava á venda de peixe.
O homem percorria uma grande distância desde que se abastecia na lota de Faro ou de Olhão, até á venda do peixe que era feita de forma ambulante, utilizando o burro, para transportar as canastras de peixe.
Mais tarde com o aparecimento das bicicletas, primeiro a pedal e depois a motor, passam a ser esses os meios de transporte que o Arrieiro utiliza.
Recordo alguns dos Arrieiros que pela sua longevidade, assiduidade e forma particular de fazer a venda, foram famosos na nossa freguesia, tais como: -o Joaquim Barras (Chebarrinho), o António Fitas, o Emilio, o Sareto, o Pinto (Marroco).
Um dos Arrieiros mais esforçado foi o Francisquinho Albardeiro que não possuia burro, nem tão pouco bicicleta e por isso fazia a sua venda a pé.
Não sei ao certo o tempo que andou nesta actividade, mas o facto é que percorria uma grande parte da freguesia a pé, com as canastras do peixe colocadas uma em cada ponta de uma vara que depois transportava ao ombro.
O peixe normalmente Carapau (charro) ou Sardinha era vendido á meia dúzia, dúzia, dúzia e meia, quarteirão, meio cento ou um cento.
O peixe mais "grado" como o charro do alto ou liro e a cavala, vendiam-se á unidade, um, dois ou mais de acordo com o desejo do comprador.
Para anunciar a sua presença o Arrieiro utilizava uma buzina feita da casca de um grande búzio ou uma corneta de metal que quer esta quer aquela produziam um som caracteristico e inconfundível.
Buuu! Buuu! Buuu! Toda a gente sabia, vem aí o Arrieiro!
E o homem lá chegava mais ou menos á hora habitual, ainda a tempo de comprarmos o peixe para o almoço.
No inverno, na falta de peixe fresco vendia-se peixe salgado. A sardinha amarela, assim chamada por adquirir essa cor com o tempo de "salga".
Também se vendia, berbigão, ameijoa e conquilha.
Estes usos foram mantidos ao longo dos tempos, embora com as necessárias adaptações a cada época, passando o peixe a ser vendido a peso, com mais escolha nas espécies comercializadas. Também as velhas bicicletas a pedal ou a motor, foram aos poucos, substituídas por furgonetas.
Actualmente a actividade ainda existe mas o vendedor desloca-se numa moderna carrinha com caixa isotérmica com todas as condições de higiene, utilizando uma moderna balança electrónica.
"Conceição freguezia derramada por cazaes a N.O. de Faro, quasi toda em terreno plano e de boa produção de cereaes e algum figo. Igreja mediana em fábrica, junto á ribeira que vêm á ponte do Rio Secco na estrada de Faro, só com casas do parocho ao pé, o qual pagava outr´ora 400 réis por anno ao prior de S. Pedro de Faro, de reconhecença. Confina com Estoi ao N., S. João da Venda e Stª. Barbara a O., Faro a S., Pexão a E. ... antigo curato de apresentação do Bispo no termo de Faro..."
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JJ Rodrigues