quinta-feira, 27 de maio de 2010

Noras de Faro

Sem almanjarra ou varais ...

Há muito se pressentia,
e isto é bom que se note:
uma certa fantasia,
para os lados do Chelote.

Com uns tiques de riqueza
é um facto consumado:
temos ali com grandeza
a nascer...um Principado.

E a dois passos está a Nora
a obra de arte instalada.
Fica a faltar agora,
a moderna autoestrada.

Com saídas e entradas,
mais valeta... mais acesso...
as Campinas retalhadas,
estão rendidas ao progresso.

E a Conceição tem agora
sua atracção turística:
Uma rotunda com nora,
peça rara... e artística.

Brilham mais que mil luzes,
no meio do cruzamento;
A Nora com alcatruzes,
e seu arco em cimento.

Obra de Arte...Peça Fina...
Instalada na Rotunda.
P´ra que com a da Vagina,
a nossa, não se confunda!.

Vem a gente pela Penha...
e abre a boca de espanto;
não há quem se não detenha,
perante tão raro encanto.

Local pouco apropriado,
também é bom que se diga.
Há quem dê extasiado,
três voltas,veja... e prossiga.

As noras todas iguais...
Mas esta, veja a ideia:
sem almanjarra ou varais,
mas com motor e correia.

Eu digo que preferia,
a nora original...
com almanjarra e guia,
puxada pelo animal.

Há noras na Freguesia,
instaladas com critério:
à porta da moradia ,
e à porta do Cemitério.

No Cemitério faz jus,
ao devaneio doentio,
que é como o alcatruz:
Vem cheio e vai vazio.

Na agricultura já morta,
que pode um homem fazer?
deixar a nora à porta,
que recordar é viver...

No Areal Gordo central,
Há uma nora no chão,
junto ao Centro comercial
Na estrada para Pechão.

Em Faro, também as há
e esta é bem bonita...
a Nora que há muito está
no Alto da Caganita.

É vê-las em todo o lado
a começar nas Figuras:
há tanto engenho parado,
a destilar amarguras.

A nora dos três engenhos
há tanto tempo parada...
devia ter mais empenhos,
p'ra que fosse restaurada.

A Fabrica da Britefil
que conhecemos agora
Com tão moderno perfil
Começou,graças à Nora.

J.Elias Moreno
26 de Maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

OS MAIOS


O seu a seu dono...

Na noticia que publicámos no dia 1, sobre os Maios que este ano apareceram em maior numero na nossa Aldeia, por lapso, apenas fizemos referência á participação da Casa do Povo.

No entanto, esta iniciativa contou também com o precioso apoio da nossa Junta de Freguesia cujo presidente se empenhou pessoalmente neste evento, solicitando inclusive a cedência de alguns dos bonecos junto do museu Municipal de Faro.

Fica a justa rectificação, esperando que no próximo ano voltemos a ter a alegria de ver os Maios na Conceição de Faro.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Canha

As Canhas são grutas escavadas nas antigas Noras ...
No acesso diário entre a aldeia e a cidade, comecei a ver construir na rotunda do antigo cruzamento do “Bolas”, um “engenho” de nora.

Assimilei esse engenho ao símbolo no brasão da nossa freguesia e comecei a rever toda a minha infantil memória de Noras e engenhos.

Por toda a freguesia da Conceição de Faro haviam Noras de um, dois e até três engenhos!

Nestas recordações uma palavra surgiu que me prende a atenção.

Na verdade esta é uma das palavras que caindo em desuso, saiu do nosso vocabulário.

Essa palavra é a “Canha”.

As “Canhas” são grutas escavadas nas antigas “Noras” .

Quando se abria uma Nora e ao fim dos vinte ou trinta metros de profundidade não se tinha a sorte de encontrar a desejada água, tentava-se encontrá-la escavando uma Canha que partindo do fundo da Nora, na horizontal, se estendia ás vezes até mais de cinquenta metros na direcção onde se julgava poder encontrá-la.

Tal estratagema umas vezes resultava outras não.

Mais tarde quando os tradicionais engenhos de alcatruzes começaram a ser substituídos por bombas de superfície, essas bombas tinham dificuldade em puxar a água a mais de 7 metros de profundidade.

Abria-se então uma Canha mais próximo do nível da água e instalava-se a bomba. Esta Canha era acedida por um buraco lateral á Nora que facilitava o acesso á bomba.

No inverno era necessário retirar a bomba antes da subida da água, voltando a recolocá-la no inicio do verão, tornando bastante útil a Canha e o seu acesso.

Outra solução surgiu quando se começou a instalar a bomba numa plataforma amovível no interior da Nora, podia-se desta forma controlar a altura da instalação.

As bombas submersíveis acabaram com o problema e actualmente através dos "Furos", vão buscar água a muitos metros de profundidade.

Volto ainda ao "Engenho" de Nora para tentar descrevê-lo tal como o recordo.

O engenho era composto por um "varal" preso a uma roda dentada colocada na horizontal que por sua vez encaixava noutra igualmente dentada colocada na vertical. O eixo da roda na vertical por sua vez ligava numa roda maior, na qual era colocada a "corda dos alcatruzes".

Esta corda de ferro, era formada por elos rectangulares com o comprimento um pouco maior que os alcatruzes.

Os alcatruzes, eram vasos rectangulares, fabricados em chapa zincada, com uma base direita que ia enganchar na corda e outra em forma semi-circular, com um pequeno orifício no fundo, a fim de facilitar a saída do ar quando entravam na água, para encher.

Um tabuleiro igualmente em chapa de zinco, para receber a água que sai dos alcatruzes está ligado através de uma "levada" ao tanque.

No inicio o engenho era movido por animais e já na parte final da sua utilização foi adaptado para funcionar ligado através de correia a motores a diesel ou eléctricos.

Ainda hoje nalguns locais da nossa freguesia se podem encontrar engenhos destes a funcionar.

A Nora era escavada á mão com o auxilio da pá e picareta. Trabalho árduo, difícil, efectuado por 4 ou 5 homens sendo que dois ficavam fora do buraco da Nora, para através de um sarilho, puxarem para fora, a terra que os outros dentro da Nora iam escavando e colocando dentro de uma caixa de madeira.

Depois de feito o buraco as paredes eram revestidas, a tijolo maciço ou pedra. A partir dos anos sessenta começou a usar-se anéis em cimento armado que com moldes em ferro eram feitos no local.

Como curiosidade diga-se que os alcatruzes que caiam da corda para o fundo da Nora, eram apanhados por um homem que a troco de alguns tostões por cada alcatruz que conseguia recuperar, mergulhava e apanhava os alcatruzes colocando-os dentro dum covo de rede, atado a uma corda, para no final os içar para fora da Nora.

Actividade perigosa tendo em conta que por vezes tinha de mergulhar a 6 ou 7 metros de profundidade, sem qualquer outro auxilio que não fosse o covo e a respectiva corda.

Um dos mergulhadores mais famosos na Conceição de Faro, foi o Hermínio Cristina, homem que passou grande parte da sua vida fazendo Noras.
Quando não tinha trabalho oferecia-se para esta tarefa a troco de algum dinheiro.

A Ratoeira


A ratoeira continua activa e a causar vitimas.
Hoje de manhã mais um veiculo preso no leito da ribeira, no Porto do Carreiros, com os inevitáveis prejuízos.
Sugerimos que os sinais de transito proibido sejam colocados no centro do caminho de acesso, para evitar que os veículos possam efectivamente circular.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

PORTO CARREIROS



Mais um atascado. Hoje de manhã lá estava mais um incauto no meio da ribeira.
Sem mais comentários.

sábado, 1 de maio de 2010

MAIOS


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Uma vez mais, a Casa do Povo voltou a recriar "Os Maios", na Conceição de Faro, numa tentativa de não deixar esquecer esta tradição popular.

Assim, ao longo da rua principal da aldeia foram colocados vários bonecos, acompanhados também como era tradicional de algumas quadras.

Ainda com pouca colaboração particular, espera-se que de ano para ano, essa colaboração vá crescendo de maneira a aparecerem mais "Maios" e desta forma trazer á nossa aldeia mais visitantes, como aliás acontece noutras localidades vizinhas.

Os Maios poderão ser vistos até ao final do dia de hoje.

A titulo de curiosidade ficam algumas das quadras que se podem ler nos bonecos ...

Uma quadra bem rimada
É como seta apontada
No alvo que vai acertar
E se alguém for atingido
Não se deve sentir ofendido
Que são os Maios a brincar!

Um velho Maio sentado
Á porta da Casa do Povo
Pensando estou lixado
Não voltarei a ser novo!

O Maio vamos atacar
Como se fazia antigamente
Por isso quem por cá passar
Beba um copo com a gente!

Que todos bem vindos sejam
E sem qualquer excepção
Mesmo os que não festejam
Esta antiga tradição!

A quem pelos Maios passar
Faço um pedido como prece
Veja-os mas sem lhes tocar
Que a comissão agradece!

Numa luta forte e cerrada
Eles batem a todas as portas
Não querem a auto estrada
No meio das suas hortas!

É o Paço Branco a lutar
Com as Campinas ajudando
Numa enorme luta sem par
Contra quem os estão tramando!

Esta nova auto estrada
Que trás todos ás avessas
São dez quilómetros de nada
Feitos só de promessas!

Com esta nova auto estrada
Que teimam em fazer por onde lhes convém
Estragam duma assentada
As melhores hortas que a Campina tem!

O PEC já está implantado
E tanto nos está a custar
Pra próxima temos mais cuidado
Naquele em que iremos votar!

Este plano de estabilidade
E de crescimento também
É um plano que na verdade
Nos vai deixar sem vintém!

Este PEC de modo sucinto
É como eu vou explicar
São todos a apertar o cinto
E só alguns a mamar!

Este PEC em Portugal
Controla o que fazemos
Mas como é habitual
O qu'é o PEC, não sabemos!