"Conceição freguezia derramada por cazaes a N.O. de Faro, quasi toda em terreno plano e de boa produção de cereaes e algum figo. Igreja mediana em fábrica, junto á ribeira que vêm á ponte do Rio Secco na estrada de Faro, só com casas do parocho ao pé, o qual pagava outr´ora 400 réis por anno ao prior de S. Pedro de Faro, de reconhecença. Confina com Estoi ao N., S. João da Venda e Stª. Barbara a O., Faro a S., Pexão a E. ... antigo curato de apresentação do Bispo no termo de Faro..."
quinta-feira, 27 de junho de 2013
O CU DO BURRO
No tempo em que a maioria dos trabalhos rurais se faziam á custa destes dóceis mas valentes animais, contava-se na Conceição de Faro que certo dia, um homem que seguia atrás do seu burro, ia retirando de uma das suas algibeiras, os figos torrados que lhe serviam de refeição matinal.
Quando por vezes encontrava algum figo, um pouco mais queimado da torra, atirava-o á traseira do burro naturalmente que alguns acertavam no cu do burro outros não.
O homem tinha esta atitude porque pensava que trazia consigo figos que chegavam e sobravam para as suas necessidades do momento.
Mas aconteceu que no final do dia, ao regressar pelo mesmo caminho, cheio de fome e já sem figos na algibeira, ia apanhando do chão e comendo, aqueles que de manhã havia atirado ao traseiro do burro.
Naquela altura era-lhe impossível saber quais os figos que tinham ou não acertado no animal, por isso, limitava-se a apanhá-los do chão, passando-os pelo seu próprio vestuário para lhes retirar alguma poeira, comia-os. Sabiam-lhe bem!
Para acalmar alguma repulsa pelo facto de os comer depois de os ter atirado ao animal, pensava para si: "-Estes não passaram pelo cu do burro!"
Também nós agora estamos a usar algumas coisas que na fartura de um passado recente atirámos para o esquecimento mas que o tempo e as actuais necessidades nos obrigam a socorrer do que dantes desprezámos!
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JJ Rodrigues