"O malandro do Guerreiro bem se divertiu ..."
Ontem á noite numa roda de amigos em que estavam, o mestre Chico, o Manuel Mestre, o Carlos França, o José Faustino, o Martins e eu próprio, a conversa resvalou para o habitual tema, do acesso á auto-estrada que vai atravessar e estragar, as melhores hortas do Besouro, Paço Branco e Campinas.
Tema recorrente e polémico que nos trás a todos preocupados.
De repente o Faustino a propósito de uma declaração de um dos presentes, exclama:
-Mal empregada palha!
Todos sorrimos.
Eu fiquei pensativo porque me lembrava desta frase, mas não me recordava a que propósito. O Faustino vendo que fiquei calado perguntou olhando diretamente para mim:
-Sabes o que quer dizer?
Respondi-lhe que sim, mas não tendo a certeza, continuei apreensivo e na dúvida disse-lhe:
-Eh pá, lembro-me da frase mas não sei bem porquê.
Não sabes?
Lembram-se do "Guerreiro" que morava ali ao pé do Bento Ferradeira?
Toda a gente se lembrava do Guerreiro. O Guerreiro quando alguém o desagradava, atirava~lhe rápidamente com esta frase, tipo sentença:
-Ah, mal empregada palha...
De tal forma repetiu esta sentença que acabou por ganhar a alcunha de "mal empregada palha".
O curioso é que tal como agora toda a gente sorria mas não sabia exactamente o que queria dizer.
Mas o Faustino que ouvira diretamente do Guerreiro, a explicação, acabou com a duvida...
Lembram-se de antigamente quando as porcas prenhas estavam prestes a dar á luz, o dono fazia-lhes uma boa cama de palha para que não houvesse problemas com nascença dos bacorinhos.
Após o parto, o dono analizava as crias e quando por vezes sucedia que não eram tão fortes e bonitas, como o desejado, acabava por exclamar:
- Ah, mal empregada palha ... que naturalmente era a que tinha gasto para a cama da porca e das suas crias.
Assim, sem mais nem menos, apenas por outras palavras, o Guerreiro chamava aos seus desafectos, porcos e feios
Rimos novamente. O malandro do Guerreiro, bem se divertiu á custa dos outros. E nós a pensar que ele apenas quereria dizer que "não vales a comida que comes".
Com esta e com outras, não demos pelo tempo passar e já passa da meia-noite. São horas de ir para a cama que amanhã é dia de trabalho.
Despedimo-nos.
E eu despeço-me também até uma próxima história.
"Conceição freguezia derramada por cazaes a N.O. de Faro, quasi toda em terreno plano e de boa produção de cereaes e algum figo. Igreja mediana em fábrica, junto á ribeira que vêm á ponte do Rio Secco na estrada de Faro, só com casas do parocho ao pé, o qual pagava outr´ora 400 réis por anno ao prior de S. Pedro de Faro, de reconhecença. Confina com Estoi ao N., S. João da Venda e Stª. Barbara a O., Faro a S., Pexão a E. ... antigo curato de apresentação do Bispo no termo de Faro..."
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JJ Rodrigues