sábado, 30 de julho de 2011

MESTRE HERMINIO

"Do tamanho do largo da Igreja ..."



Mestre Hermínio foi um homem que durante grande parte da sua vida se dedicou á construção de noras.

No inicio era pedreiro, mas com o surgimento de muito trabalho nas noras, mestre Hermínio á frente de um pequeno grupo de homens, construía a nora de raiz, isto é, abria o buraco, anelava e fazia todo o trabalho de construção, inclusive o tanque e as levadas.

Fora desta profissão mestre Hermínio era também um recuperador de alcatruzes do fundo das noras, nas quais mergulhava, em apneia, às vezes, a uma profundidade de mais de dez metros, munido de um covo de rede que prendia a uma corda, para alguém cá em cima debruçado no gargalo da nora o puxar, quando lá tivesse colocado os alcatruzes recuperados.

No inverno quando chegava a época da matança dos porcos era também chamado por muita gente, para esta tarefa que executava com mestria.

Alegre, brincalhão, estava sempre pronto para a graça e o trocadilho que rematava com uma curta gargalhada bem sua caracteristica.

Na parte final da sua vida, o vicio pela bebida, afastou-o do trabalho nas noras que também já era escasso, acabando por desempenhar as funções de coveiro, na freguesia.

Também nessa parte da sua vida, passava mais tempo na taberna, do que no trabalho ou na sua própria casa.

Recordo hoje uma das várias graças que se contam a seu respeito que reflecte bem, o seu apurado espírito brincalhão.

Conta-se que certa noite, estando no baile do senhor Manuel, foi dizer á mulher que se ia deitar.

A mulher recomendou-lhe: -Não apagues a luz, põe o candeeiro mais baixo mas não o apagues, para eu não andar ás apalpadelas quando chegar a casa.

Mestre Hermínio, antes de se deitar, cumpriu á letra o pedido da mulher. Baixou o candeeiro aceso mas para debaixo da mesa.

Ao chegar a casa, a mulher irritada com a brincadeira, grita:

-Ah homem que quase deitas fogo á casa!  Então tu pões o candeeiro aceso debaixo da mesa! ... Estás bêbado!?

E em geito de rogada praga:  -Um copo de aguardente deveria custar cinco contos de réis!

Mestre Hermínio, meio estremunhado, levantando ligeiramente  a cabeça, responde: -Sim mulher e deveria ser, do tamanho do largo da igreja!..

Voltando-se para o outro lado adormece novamente ...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

PEADOS E ENCABRAMADOS

"Oh Maria, traz a luz ..."

Longe vão os tempos em que a vida na Conceição de Faro, tal como em todo o pais rural, se fazia á volta da agricultura e dos animais quer de trabalho quer de criação.

Antigamente a cabana onde á noite se recolhiam os animais, ficava ligada á casa de habitação por uma porta de acesso e quem saia da cabana, entrava directamente para a "casa de fora" ou o mesmo seria dizer para a actual sala de entrada.

Por vezes era necessário "pear" e "encabramar" os animais que se punham a pastar.

As tarefas estavam associadas e podiam ser descritas da seguinte forma:

Pear significa colocar uma peia, pequeno troço de corda ou couro, prendendo entre si, duas patas do animal, impedindo-o de correr.

Encabramava-se o animal colocando uma peia entre o cabresto e uma das patas dianteiras, impedindo-o de levantar a cabeça mais que o desejado e  de roer as árvores ou arbustos que se encontrassem no local onde pastava.

Estas tarefas eram rotineiras. Colocavam-se de manhã, antes de irem para o pasto e retiravam-se á noite, antes ou depois de os recolher na cabana.

Naturalmente que os animais não gostavam das peias e por vezes, reagiam mal, escoceando ou pisando a pessoa que executava a acção de as colocar ou retirar.

A propósito, conta-se que certa noite um homem, ao retirar a peia de uma das patas traseiras do burro, recebe tamanho e inesperado coice que se estatela no meio da cabana.

Ás escuras e meio inconsciente grita para a mulher que deveria estar na casa de fora:

-Oh Maria, traz a luz que o burro deu um coice, não sei se foi em mim, se foi na parede!?

Também peados e encabramados nos sentimos agora, não podendo correr nem levantar a cabeça.

Talvez um dia a historia se repita e possamos dar aquele valente coice a quem nos fez tal acção!

Talvez ... mas até lá , tal como os burros, há que comer apenas a erva rasteira

quinta-feira, 21 de julho de 2011

MAL EMPREGADA PALHA

"O malandro do Guerreiro bem se divertiu ..."


Ontem á noite numa roda de amigos em que estavam, o mestre Chico, o Manuel Mestre, o Carlos França, o José Faustino, o Martins e eu próprio, a conversa resvalou para o habitual tema, do acesso á auto-estrada que vai atravessar e estragar, as melhores hortas do Besouro, Paço Branco e Campinas.

Tema recorrente e polémico que nos trás a todos preocupados.

De repente o Faustino a propósito de uma declaração de um dos presentes, exclama:

-Mal empregada palha!

Todos sorrimos.

Eu fiquei pensativo porque me lembrava desta frase, mas não me recordava a que propósito. O Faustino vendo que fiquei calado perguntou olhando diretamente para mim:

-Sabes o que quer dizer?

Respondi-lhe que sim, mas não tendo a certeza, continuei apreensivo e na dúvida disse-lhe:

-Eh pá, lembro-me da frase mas não sei bem porquê.

Não sabes?

Lembram-se do "Guerreiro" que morava ali ao pé do Bento Ferradeira?

Toda a gente se lembrava do Guerreiro. O Guerreiro quando alguém o desagradava, atirava~lhe rápidamente com esta frase, tipo sentença:

-Ah, mal empregada palha...

De tal forma repetiu esta sentença que acabou por ganhar a alcunha de "mal empregada palha".

O curioso é que tal como agora toda a gente sorria mas não sabia exactamente o que queria dizer.

Mas o Faustino que ouvira diretamente do Guerreiro, a explicação, acabou com a duvida...

Lembram-se de antigamente quando as porcas prenhas estavam prestes a dar á luz, o dono fazia-lhes uma boa cama de palha para que não houvesse problemas com nascença dos bacorinhos.

Após o parto, o dono analizava as crias e quando por vezes sucedia que não eram tão fortes e bonitas, como o desejado, acabava por exclamar:

- Ah, mal empregada palha ... que naturalmente era a que tinha  gasto para a cama da porca e das suas crias.

 Assim, sem mais nem menos, apenas por outras palavras, o Guerreiro chamava aos seus desafectos, porcos e feios

Rimos novamente. O malandro do Guerreiro, bem se divertiu á custa dos outros. E nós a pensar que ele apenas quereria dizer que "não vales a comida que comes".

Com esta e com outras, não demos pelo tempo passar e já passa da meia-noite. São horas de ir para a cama que amanhã é dia de trabalho.

Despedimo-nos.

E eu despeço-me também até uma próxima história.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CASA MORTUARIA

"A propósito da noticia com este titulo que publicámos em Janeiro ultimo, recebemos hoje, o seguinte comentário que transcrevemos ..."

 
Uma tristeza!
 
Que falta de pensamento contemporâneo, num local onde residem famílias e diversas crianças... com outros locais junto à igreja e ao cemitério muito mais propícios.
 
Por vezes pergunto-me se parámos no tempo e os senhores políticos desconhecem algo de arquitectura paisagística, de ciclo vital, de locais fúnebres serem locais de respeito e serenidade e não junto a sardinhadas e miúdos brincando...
 
Sinceramente que desrespeito pelos hábitos e culturas de um e de todos.

Q...

terça-feira, 5 de julho de 2011

CRISMA II


Cerca de 400 pessoas estiveram no Domingo, no Largo da Igreja, para assistirem e participarem na Eucaristia dominical onde teve lugar a Crisma de 44 crismandos, entre jovens e adultos.

A cerimónia presidida pelo Bispo do Algarve D. Manuel Neto Quintas, contou também com a presença do presidente do Município de Faro, engº. Macário Correia, do presidente da Freguesia de Conceição, Sr. José António, iniciou-se pelas 10,00 horas, terminando ás 12,00 horas.

Seguiu-se um almoço na esplanada da Casa do Povo no decorrer do qual o presidente Macário Correia, usou da palavra para um breve discurso de saudação a todos e um reconhecido agradecimento aos funcionários do Município pelo êxito conseguido na preparação do Largo da Igreja, transformando-o num espaço atraente e digno para aquela cerimónia.

sábado, 2 de julho de 2011

CRISMA

Vai ter lugar no próximo Domingo, 3 de julho, a partir das 11,00 horas, a Crisma.

 Cerca de meia centena de crismandos, obrigam a que a cerimónia tenha lugar no adro da igreja que já está a ser preparado para receber todos os que amanhã quizerem testemunhar este acto de unção.

A cerimónia será presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas.